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Ipea: Brasil perde oportunidades em terceirização

Por Anne Warth
Atualização:

Do total de 42,1 milhões de empregos terceirizados que existem em empresas transnacionais no mundo, apenas 480 mil estão no Brasil, ou 1,14% do total, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 2006. As informações foram analisadas em uma pesquisa realizada pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, que considera que o Brasil está perdendo a oportunidade de aproveitar melhor, ao menos, parte dos 6,7 milhões de empregos desse tipo que são gerados anualmente em todo o mundo. Enquanto no Brasil um em cada quatro empregos gerados fazem parte dessa categoria, dois terços dos novos postos de trabalho criados atualmente na China são terceirizados. Segundo Pochmann, 19,6% de todos os empregos terceirizados transnacionais do mundo estão concentrados em 72 mil grandes corporações. Mas enquanto China possui um terço de todos os postos de trabalho terceirizados na indústria e Índia ocupa dois terços das vagas desse tipo na área de serviços, o Brasil ainda não despertou para a importância de uma política pública para se inserir mundialmente nessa realidade de terceirizações, que, como define Pochmann, "são um imperativo econômico sem volta". "Não é uma questão de ser contra ou a favor das terceirizações, mas sim de despertar para um fenômeno mundial, debatê-lo e posicionar-se em relação a ele", disse ele, durante participação no I Seminário Internacional SINDEEPRES - Terceirização Global, organizado pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros (Sindeepres). Política pública Para isso, segundo o economista, é preciso combinar, simultaneamente, características como capacidade empresarial, capacitação profissional da mão-de-obra e ambiente regulatório favorável. "Por isso a importância de uma política pública. Não adianta ter um sem ter o outro. Não adianta treinar trabalhadores para empregos que não existem", explicou. Pochmann defende que o País adote um modelo próprio para aproveitar essa onda e que leve em conta a realidade brasileira, sem seguir categoricamente o que é feito nos países asiáticos. "Pode-se criticar a realidade dos trabalhadores na Índia, que recebem entre cerca de 10% do que um inglês receberia exercendo a mesma função. Mas, talvez, para os indianos o salário não seja baixo. Os brasileiros que trabalharam nas montadoras também nunca receberam o mesmo que é pago aos trabalhadores das matrizes, e certamente não seria melhor se elas não tivessem se instalado no País", exemplificou. Fazenda do mundo "Enquanto China avança para ser a oficina do mundo e a Índia para se tornar o escritório do mundo, o Brasil e os demais países da América Latina caminham para se tornar a fazenda do mundo", disse ele, acrescentando que o custo da mão-de-obra não é o culpado por essa situação, embora seja uma variável que é considerada pelas empresas. "Nos últimos anos, o emprego formal vem crescendo substancialmente sem qualquer mudança na legislação trabalhista."

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