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Ipea: China terá papel importante na crise dos EUA

Por Paulo Maciel
Atualização:

Diante da crise da maior economia do planeta, cresce a importância da China como participante da economia mundial. "A desvalorização do dólar deve levar a uma redução do déficit em conta corrente dos Estados Unidos, o que, por sua vez, deve produzir um novo equilíbrio mundial", afirmou o economista do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Paulo Levy, em entrevista ao programa Conta Corrente, da Globo News. Diante desse quadro de redução do comércio internacional, a capacidade de adaptação da China terá papel fundamental: "Se ela for capaz de redirecionar os elementos dinâmicos de seu crescimento para o mercado interno, é possível que o efeito sobre a economia mundial seja menos acentuado". Déficit insustentável Impulsionado pela contínua valorização dos imóveis, o consumo das famílias norte-americanas atingiu um nível insustentável, segundo o economista. "Na medida em que os déficits nos Estados Unidos cresciam e se percebia que a sociedade americana reduzia significativamente os seus níveis de poupança, em boa medida porque contavam com uma valorização muito grande do preço dos imóveis", lembrou Paulo Levy. Segundo ele, até meados do ano passado, vivia-se um período de liquidez abundante, mas que começou a murchar com a eclosão da crise do setor de hipotecas. "Agora, vamos ter que passar por uma fase de crescimento mais moderado do ponto de vista de economia mundial e que vai depender, fundamentalmente, de como é que outras economias vão reagir". Brasil Em relação ao Brasil, as previsões são positivas, pelo menos no curto prazo. "O mercado de trabalho vem mostrando um dinamismo bastante forte, o que nos torna otimistas em relação à perspectiva da demanda e da atividade econômica pelo menos ao longo dos próximos três a seis meses", observou. Ele avalia que a indústria continua vendendo bem. E, com número menor de dias úteis no início do ano, os estoques devem estar mais baixos. "Com a manutenção da demanda em um nível bastante elevado, o primeiro trimestre deve vir com uma atividade produtiva mais elevada do que a gente teve no bimestre novembro/dezembro." Desemprego Paulo Levy afirmou que, se o Brasil conseguir manter o atual patamar de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) próximo de 5% ao ano, o País atingiria um novo patamar de desenvolvimento em poucos anos. Ele calcula, por exemplo, que cada ponto porcentual do PIB represente meio ponto a menos no nível de desemprego. Assim, se o Brasil mantiver o nível de crescimento econômico por mais três anos, o desemprego cairia para o patamar de 5%. "O que parece razoável, até porque aí já se esbarra em carências de mão-de-obra qualificada em determinadas atividades e setores", ponderou, apontando para a necessidade de, simultaneamente, o País investir na qualificação do trabalhador. Mas, isso não seria um sonho, diante da perspectiva de redução do crescimento mundial? "Ainda está ao alcance do País manter essa trajetória de crescimento, mais ou menos elevado, na faixa de 4% ou 5% ao ano", vaticinou.

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