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Ipea prevê queda da inadimplência nos próximos meses

Porcentual de famílias sem dívidas passou de 53% em junho para 55,8% em julho, segundo pesquisa do instituto

Por Vinicius Neder e RIO
Atualização:

A situação do endividamento das famílias atingiu um ponto de virada no fim do primeiro semestre e caminha para uma trajetória mais positiva. A análise é da presidente interina do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Vanessa Petrelli Corrêa, com base nos dados de julho do Índice de Expectativas das Famílias (IEF). Divulgada ontem, a pesquisa mensal do Ipea, baseada em entrevistas domiciliares, mostrou queda tanto na quantidade de famílias endividadas quanto no valor das dívidas.O porcentual de famílias sem dívidas passou de 53,0% em junho para 55,8% em julho. O avanço, no entanto, foi insuficiente para ampliar as expectativas de compras de bens duráveis: 58,3% das famílias entrevistadas disseram que o momento atual é bom para comprar esses produtos, ante 60,2% em junho. Segundo a presidente do Ipea, a queda nas expectativas de compra de bens duráveis está relacionada ao ainda alto nível de endividamento, mas a trajetória mudará à medida que dívidas mais curtas forem sendo pagas. "A análise sobre a inadimplência tem de ser qualificada", afirmou Vanessa, em entrevista coletiva no Rio. Para ela, a ideia de que a expansão do consumo atingiu o ápice está equivocada. De acordo com André Rego Viana, técnico do Ipea responsável pela pesquisa do IEF, a queda nas expectativas de compra de bens duráveis não significa ineficácia da desoneração de impostos para estimular o consumo - sem a medida, a propensão a comprar esses itens poderia ser ainda menor. Viana destacou que cortes no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) costumam ter efeito positivo após os anúncios. O governo anunciou a redução do IPI para a linha branca no fim de março e, em abril, 60,3% das famílias viam o momento como bom para comprar bens duráveis, ante 58,3% no mês anterior. Outro indicador da pesquisa do Ipea a sinalizar a virada no endividamento foi a queda no valor médio das dívidas, de R$ 4.916,86 em junho para R$ 4.507,02 em julho. Nos últimos 12 meses, o pico foi de R$ 5.560,69, em abril.No geral, o estudo apontou um otimismo menor em julho. O IEF registrou 68,2 pontos, contra 68,5 em junho, mas ficou acima dos 63,5 pontos de julho de 2011 e, segundo o Ipea, reflete otimismo nos últimos 12 meses.Automóveis. O consumidor está com menos dívida e mais disposto a adquirir automóveis, revela a pesquisa sobre o orçamento e a inadimplência das famílias realizada pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ). Dos mil entrevistados, no período de 20 a 31 de julho, 59,3% afirmaram não ter contas pendentes a pagar. Em junho, o porcentual era de 58,7%.Também cresceu, na passagem do mês, o número dos que informaram financiar a compra de veículos, de 13,8% para 17,9%. Em contrapartida, caiu a taxa dos que financiam a compra de vestuário, de 24,9% para 21%."Parece que o pior já passou. Estamos vendo a crise no retrovisor. O freio no consumo era algo natural em um período mais nebuloso. Não interessa ao comércio um consumo desorganizado. O interessante é que, em julho, a tomada de financiamento reduziu", disse Christian Travassos, economista da Fecomércio-RJ.Os dados, segundo o economista, apontam para um cenário ainda melhor no segundo semestre do ano. Com a manutenção do emprego e com o acesso a fontes extras de renda, como o recebimento da restituição do IR, o consumidor tende a quitar as suas dívidas, o que o libera para novos consumos./ COLABOROU FERNANDA NUNES

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