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iPhone, irresistível e (ainda) proibido

Sem data para o lançamento oficial no País, número de brasileiros que usam o aparelho já chega a 105 mil

Por Marili Ribeiro
Atualização:

Houve até dilema ético. Afinal, desbloquear um aparelho celular iPhone, da americana Apple e ainda não comercializado no Brasil, poderia ser interpretado como uma forma de adesão à pirataria. Mas quem comprou e passou a usar o aparelho no País - as projeções indicam 105 mil usuários ativos - se diz vítima de uma espécie de atração fatal: "Fui abduzido", brinca o publicitário Luciano Traldi. Em viagem aos EUA, o sócio da produtora de comercias Hotel Filmes não resistiu ao apelo e comprou um modelo com 8GB de capacidade (já há no mercado versão com 16 GB). "Fiquei algumas semanas sem desbloquear, porque pensava em pirataria e me incomodava com isso" , conta Traldi. "Mas tirava o aparelho da embalagem, lia o manual e ficava fascinado. E aí, bem, o desejo de vê-lo funcionando ficou mais forte", acrescenta. Há três meses, com o devido chip da operadora TIM, o iPhone de Traldi virou companhia obrigatória. O publicitário não está sozinho nessa condição. O advogado do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice, Wilson Mello, um declarado apaixonado por inovações tecnológicas, pondera que, em termos de legalidade, usar iPhone não configura crime. "Achei um caminho para usufruir de um produto que não está à venda no País", argumenta ele. "A Apple, acredito, deixou um gostinho de quero mais no ar ao fazer um megalançamento apenas para o mercado americano. Isso despertou cobiça e deu condições para a companhia cobrar R$ 2 mil por um aparelho que custa algo em torno de R$ 700, quando desembarcar por aqui." O apetite do mercado brasileiro endossa a tese de Mello. Na Rua Santa Ifigênia, no centro de São Paulo - uma região famosa por concentrar o comércio de toda a parafernália eletroeletrônica disponível no mercado -, o iPhone costuma ser encontrado por R$ 2,3 mil com seis meses de garantia. Mas não só lá. Na web há incontáveis ofertas entre R$ 1,3 mil e R$ 1,9 mil, alguns até já desbloqueados. Aliás, estimativas da própria Apple projetam que quase 20% dos usuários do iPhone estão fora dos EUA. Dos 3,7 milhões de aparelhos vendidos, somente 2,3 milhões estão registrados em operadoras autorizadas. No Brasil, a empresa manda informar por meio de sua assessoria que "não se manifesta sobre o iPhone". Aliás não apenas ela, que seria a maior interessada em regular o mercado. As operadoras de telefonia, que, segundo se especula, estariam negociando a venda oficial desse objeto do desejo de forma regular, também não querem falar. Na semana passada, chegou a ser noticiado que a operadora de celulares Vivo traria o produto para o Dia das Mães, tradicionalmente a data de maior venda do varejo nacional. Isso seria possível graças ao avanço das negociações entre a Apple e a controladora da Vivo, a Telefónica da Espanha, que teria o objetivo de vender o aparelho em toda a América Latina. Consultadas no Brasil, as empresas não falaram, mas também não desmentiram. A cautela faz sentido, uma vez que entendimentos semelhantes entre a Apple e a China Móbile não vingaram. Quem acompanha o mercado de telefonia global diz que a maior dificuldade para um acerto com as operadoras regionais está no modelo de negócios. A companhia americana quer compartilhar as receitas pelos serviços prestados, mas as empresas alegam que, como vende infra-estrutura, ou seja o aparelho, não teria esse direito. A caça pelo iPhone fora dos limites dos EUA se explica pela revolução que o aparelho provoca ao simplificar a vida das pessoas, tornando realidade a tão falada convergência digital. O aparelho combina funções acionadas com um simples toque de dedo: um iPod (tocador de música), um telefone celular, uma câmera digital e um computador portátil.

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