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Iraquiano investe no Brasil para exportar bois vivos

Rebanho do país era de 2,5 milhões de cabeças, mas 70% desapareceram por causa de ações do grupo extremista Estado Islâmico

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Por Redação
Atualização:

OBrasil vai ajudar o Iraque a recompor seu rebanho bovino, dizimado pelo Estado Islâmico. O rebanho era de 2,5 milhões de cabeças, mas 70% desapareceram por causa de ações do grupo extremista. O empresário Hayder Majeed Hameed, dono do Hameedan Group, que tem foco no mercado de proteína animal, esteve no País para negociar com três empresas o embarque de cinco mil cabeças de bovinos por mês, pelo porto de Barcarena, no Pará. “Da experiência que tivemos com o gado do mundo inteiro, o brasileiro foi o que conseguiu se adequar ao clima iraquiano”, disse Hameed à coluna. O primeiro navio parte em setembro. Hammeed ainda pretende comprar uma propriedade no Pará, com capacidade para 10 mil cabeças, para atender sua demanda no Iraque.

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Reconstrução. O vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil Iraque, Jalal Jamel Chaya, contou que o governo iraquiano está investindo US$ 400 milhões para recuperar a agropecuária nos próximos cinco anos. Para a pecuária de corte e de leite, a ideia é assentar pequenos proprietários em áreas recuperadas, como Mossul. Parceria recente. Brasil e Iraque abriram o mercado para gado vivo em 2015. A exportação cresceu 9% no primeiro semestre deste ano, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, com um total de 12.540 cabeças. O interesse dos iraquianos é pela raça nelore pura e a cruzada com a angus, e vacas leiteiras girolando. Mais árabes. O Mubadala, fundo soberano de investimentos de Abu Dhabi, também está de olho no agronegócio brasileiro. Com US$ 122,4 bilhões em aportes no mundo, o fundo tem interesse em soja, algodão e pecuária e estuda investir US$ 50 milhões para colocar o pé no setor na América Latina. No Brasil, os investimentos do Mubadala somam US$ 2 bilhões em petróleo, química e energia.Mapa das terras. A INTL FCStone preparou um estudo inédito sobre o potencial de valorização de terras brasileiras até 2030. O trabalho é focado na produção de soja e de milho e combina análise de solo e clima, mapeamento de armazéns e projetos logísticos com dados públicos e privados. A logística é apontada como fator chave para a valorização de uma área.Fronteira de valor. O norte de Mato Grosso, o sul do Pará e regiões do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) são as melhores áreas para aquisição de terras, segundo o estudo, e devem se beneficiar de projetos logísticos em andamento nos portos do Arco Norte.Prontas para o mercado. Distribuidoras de sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas do Brasil estão passando por processo de profissionalização, de olho nos fundos e companhias estrangeiras interessadas no agronegócio brasileiro. Se há cinco anos estas revendas eram majoritariamente familiares, hoje 50% delas têm ou estão em vias de contar com “balanço auditado, governança corporativa e plano de sucessão”, disse o presidente da Associação Nacional dos Distribuidores (Andav), Henrique Mazotini. Há três anos, eram apenas 25%. “Elas precisam estar preparadas porque a concorrência vai aumentar.”Pulverizado. O setor de revendas reúne cerca de 6 mil empresas no Brasil e o interesse por elas vem crescendo entre os estrangeiros. A paranaense Belagrícola foi recentemente comprada pela chinesa Dakang, que já tinha levado a mato-grossense Fiagril em 2016. Fontes do mercado dizem que o setor caminha para o modelo norte-americano de distribuição de insumos: concentrado e formado por grandes potências regionais e nacionais.Tamanho é documento. A Octavio Café lança até setembro cafés especiais para serem moídos em casa em embalagens de 250 gramas. Úbion Terra, diretor executivo da O’Coffeee, empresa do grupo que cultiva o grão, conta que o consumidor está mais exigente. Ele explica que a máxima que vale para vinhos - aberta a garrafa o produto deve ser consumido - vale para café. Após aberto, o café se oxida e perde qualidade.Reação. O agronegócio nacional está ressabiado com a perspectiva de que o consumo per capita de alimentos não acompanhará o crescimento da população, como apontou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Em dez anos poderemos ter um ciclo de baixa dos preços”, disse o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Luiz Carlos Corrêa Carvalho. A Abag vai discutir o assunto no Congresso Brasileiro do Agronegócio, que será realizado em São Paulo, no mês de agosto.

COLABORARAM CRISTIAN FAVARO E LETICIA PAKULSKI

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