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Isenção do diesel foi acertada com Guedes, mas impacto e compensação ainda são desconhecidos

Lei de Responsabilidade Fiscal exige que compensação seja feita com a elevação de outro tributo ou corte de subsídio; tema foi discutido logo após anúncio da Petrobrás sobre reajuste no preço dos combustíveis

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

BRASÍLIA - A decisão do presidente Jair Bolsonaro de zerar tributos sobre o diesel e o gás de cozinha por dois meses, anunciada nesta quinta-feira, 18,em sua live semanal, foi acertada com o ministro da Economia, Paulo Guedes, em reunião no Palácio do Planalto.

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Até agora, porém, são desconhecidos o impacto da medida e a ação que compensará a perda de arrecadação com a benesse. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) exige que a compensação seja feita com a elevação de outro tributo ou corte de subsídio.

Um integrante da equipe econômica ouvido reservadamente disse apenas que a compensação será anunciada junto com o envio do decreto para zerar os tributos. A assessoria de imprensa do Ministério da Economia ainda não se manifestou oficialmente.

Bolsonaro discutiu com Guedes suspensão dos impostos federais sobre os combustíveis. Foto: Edu Andrade/ME

O encontro no Planalto foi convocado após a Petrobrás anunciar um reajuste de 15,2% no diesel e de 10,2% na gasolina a partir da próxima sexta-feira, 19. O aumento é o maior do ano, mas não o primeiro: a gasolina já acumula alta de 34,8% no ano, e o diesel, de 27,5%.

Desde o aumento anterior, Bolsonaro já vinha pedindo à equipe econômica uma redução na tributação federal para amortecer o efeito dos reajustes no bolso dos caminhoneiros, um de seus principais grupos de apoio. Em janeiro, o presidente informou que seriam necessários R$ 800 milhões para compensar uma redução de PIS/Cofins equivalente ao aumento de R$ 0,09 no diesel anunciado à época.

A medida acabou não avançando porque o próprio presidente reconheceu inicialmente a dificuldade de encontrar outro tributo para ser elevado, ou um subsídio a ser cortado. "Não é uma conta fácil de ser feita", disse na ocasião.

Nos últimos dias, porém, Bolsonaro voltou a insistir no tema e sinalizou que pode usar um novo estado de calamidade para suspender o trecho da LRF que obriga compensação para cortar tributos. Com a medida, ele ficaria livre para reduzir o PIS/Cofins sobre combustíveis, num aceno aos caminhoneiros.

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"Eu quero ver se no caso que nós vivemos, já que muita gente fala que, situação crítica que vivemos, em parte eu considero, se eu posso reduzir, por exemplo, o PIS/Cofins no combustível e sem a compensação", disse o presidente na semana passada.

Uma eventual suspensão no trecho da LRF, abrindo caminho para o corte de tributos sem compensação, desfalcaria as receitas do governo e poderia ampliar o rombo nas contas. Hoje, a meta fiscal já autoriza um déficit de até R$ 247,1 bilhões.