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''Isso é especulativo e pontual. Perspectiva é de queda''

ENTREVISTA - Giuseppe Bacoccoli: geólogo e professor da UFRJ

Por Nicola Pamplona
Atualização:

O geólogo Giuseppe Bacoccoli, professor da UFRJ, não acredita em grandes impactos do conflito árabe-israelense sobre os preços do petróleo. Mas torce pela recuperação nas cotações, hoje em níveis que, na sua opinião, põem em xeque os investimentos no pré-sal. Bacoccoli acaba de lançar o livro O dia do dragão, com histórias dos seus 36 anos de experiência na Petrobrás, e vê semelhanças entre o cenário atual e o período posterior aos dois choques do petróleo na década de 70. Como o sr. vê a evolução dos preços do petróleo hoje em dia? Já vivemos isso. Entramos nos anos 80 com os preços lá em cima e de repente os preços despencaram para US$ 10, US$15. Foi o que chamei de antichoque. Agora estamos no segundo antichoque e isso vai impactar, sem dúvida. A Petrobrás diz que não, mas tem de levar em conta o seguinte: o petróleo do pré-sal, por exemplo, vai entrar em produção em massa a partir de 2015 e não se sabe quanto o preço estará. Isso é um exercício cruel e muito difícil de fazer. Provavelmente vai voltar a subir, mas não podemos dizer quanto. Houve um pequeno repique por causa do conflito na Faixa de Gaza. O sr. acha que isso se mantém? Isso é especulativo, é pontual. A questão de Israel é muito séria, sem solução próxima, mas as perspectivas são positivas, porque a guerra do Iraque está no fim. Um conflito com impacto de longo prazo seria uma guerra no Irã, ou coisa desse tipo. Com o preço atual, o pré-sal se sustenta? Acho que era o momento de parar para pensar. A Petrobrás diz que não, mas ainda não divulgou o planejamento estratégico. A gente não tem os números sobre quanto vai custar. Mas, se o custo de produção atual está em US$ 30, o do pré-sal vai ser maior. Quanto maior, não sei, mas vamos dizer que seja em torno de US$ 40. Ou seja, estamos em cima do limite.

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