PUBLICIDADE

Publicidade

Itaú Corretora traça tendência para investimentos

Bons ventos soprarão em 2002? Diante das incertezas em relação à resposta para esta pergunta, a Itaú Corretora de Valores recomenda cautela para os investimentos em 2002. As taxas de juros podem cair, mas não há muita certeza de quando isso deve acontecer. Dólar e Bolsa são apostas arriscadas.

Por Agencia Estado
Atualização:

O ano de 2001 foi marcado pela ocorrência de vários fatos adversos, como o racionamento de energia, o atentado terrorista nos Estados Unidos e crise política e econômica na Argentina. A economia brasileira sofreu as conseqüências de um cenário interno e externo marcado por muitas incertezas que culminaram em "forte" volatilidade cambial, inflação em alta, taxas de juros mais elevadas e redução da taxa de crescimento econômico. Para 2002, as nossas projeções apontam para um cenário mais favorável em comparação ao ano que passou: maior superávit comercial (em torno de US$ 3,8 bilhões), taxa de crescimento relativamente superior à projetada para 2001 (1,7% em 2001 e 2,1% em 2002) e menores taxas de inflação, o que abriria espaço para a redução da taxa básica de juros. Menores reajustes dos preços administrados e expectativa de redução dos preços dos combustíveis corroboram essa última expectativa. No entanto, vale ressaltar que estamos mais conservadores do que o mercado em nossa projeção de queda dos preços da gasolina para o consumidor final em 2002. Adicione-se a isto um outro fator: a inflação em 2001 só não foi mais elevada porque a demanda agregada esteve bastante contraída. Num cenário de crescimento econômico um pouco maior, abre-se espaço para que as empresas recuperem margens de lucro, repassem o resíduo inflacionário acumulado ao longo de 2001 e reajustem seus preços. Tais fatores podem adicionar um pouco de cautela ao Banco Central, embora a nossa expectativa seja de que este venha a reduzir as taxas de juros no próximo ano, sendo que a taxa Selic pode fechar 2002 em 17% ao ano. Investimentos Para investidores mais conservadores e com prazo de resgate da aplicação determinado, os fundos DI constituem uma boa opção, na medida em que acompanham as taxas de juros praticadas pelo mercado. Entretanto, com as perspectivas de melhora da economia brasileira (e na ausência de novos choques externos), cremos que as aplicações em fundos de renda fixa prefixados possam ser uma boa alternativa. Em um cenário de taxas de juros cadentes, tal tipo de aplicação permitiria uma maior rentabilidade em comparação aos fundos DI. Quanto à taxa de câmbio, projetamos uma menor desvalorização cambial (6%) em 2002. Dada essa perspectiva e levando em consideração nossas projeções de taxas de juros em reais, aplicações atreladas à moeda norte-americana, ou outras moedas, seriam indicadas para aqueles que possuem passivos em dólar e precisam se proteger das possíveis oscilações das taxas de câmbio. Vale lembrar que a desvalorização da taxa de câmbio, em seu auge, que ocorreu em setembro de 2001, atingiu aproximadamente 40%, mas, em 2001, fechou em torno de 19%. Embora nossa projeção de desvalorização cambial seja menor, não descartamos a hipótese de que, ao longo de 2002, o real possa ficar pressionado como ocorreu no ano passado. No tocante ao mercado de ações, o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) iniciou 2001 em 15.259 pontos e caiu para cerca de 9.600 pontos na vizinhança dos atentados de 11 de setembro, momento culminante do quadro de deterioração de expectativas que prevaleceu durante a maior parte do ano passado. De lá para cá, porém, o mercado acionário tem passado por um processo de valorização e de recuperação do volume de negócios, respaldado pela expectativa de um cenário mais favorável em 2002. Nem a perspectiva de elevação da tributação a incidir sobre os ganhos com renda variável a partir de janeiro de 2002, de 10% para 20%, foi capaz de deter a valorização das ações nos últimos meses. As ações que vêm liderando esse processo de valorização, tendendo a continuar a se destacar em 2002, pertencem aos setores de telecomunicações e de energia elétrica. A recuperação da atividade econômica, ainda que moderada, poderá também apressar a recuperação das cotações de empresas mais próximas da ponta de consumo. Na medida em que o processo de recuperação avance e as taxas de juros cedam, serão beneficiados os setores ligados à produção de bens duráveis. Como normalmente ocorre, o mercado poderá antecipar e acorrer às ações desses segmentos e às ações de seus fornecedores se perceber consistência e possibilidade de continuação do processo de retomada de crescimento econômico. De meados de setembro até dezembro, o Ibovespa evoluiu perto de 40%, fechando 2001 em 13.577 pontos, em razão dessa melhoria de expectativas. Naturalmente, essa valorização já antecipa parte do desenvolvimento futuro associado ao cenário mais positivo que se desenha para 2002. O investidor que optar por acrescentar mais risco à sua carteira, alocando uma parcela maior de patrimônio em instrumentos de renda variável, poderá continuar a ser premiado com um retorno diferenciado, a se confirmarem tais previsões mais positivas. A despeito desse cenário mais promissor, é mister que se mantenha certa cautela, pois podemos identificar três fatores de instabilidade e que podem reduzir o nível de otimismo: as eleições presidenciais em 2002; a magnitude do desaquecimento econômico sincronizado em países industrializados; e os efeitos de contágio da crise argentina, que diminuíram bastante nos últimos dois meses, dado o descolamento do prêmio de risco Brasil da Argentina, mas que ainda inspiram precaução. Desta forma, reiteramos que, embora nossas projeções justifiquem a adoção de uma postura mais otimista, devemos nos manter cientes das intempéries que poderão surgir. Ana Paula Higa, economista sênior Reginaldo Alexandre, chefe de análise de investimentos Sílvio R. Micheloto, analista quantitativo e de renda fixa

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.