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Itaú Unibanco não prevê plano de demissão, diz Setubal

Por ANA PAULA RIBEIRO E ANNE WARTH
Atualização:

O diretor-presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, acredita que não será necessário promover um plano de demissões para concluir a incorporação entre os dois bancos. De acordo com o executivo, o próprio "turn over" (substituições) deverá ser suficiente para fazer os ajustes no quadro de pessoal. "Acreditamos que é possível ao longo do tempo fazer ajustes. Não estamos prevendo nenhum grande programa de demissões", disse. A cada ano, cerca de 10 mil funcionários deixam por vontade própria o Itaú e o Unibanco - juntos, os dois bancos somam cerca de 108 mil funcionários no total. O executivo conta com essa movimentação para evitar um grande número de demissões. Setubal lembrou ainda que esse processo de integração durará cerca de dois ou três anos. Enquanto a rede de varejo deve ser preservada, e possivelmente ampliada, os ajustes tiveram início na área de atacado, em que a estrutura será única a partir de abril. Já foram demitidos cerca de 100 pessoas dessa área e da corretora. Preocupação As demissões de funcionários nas corretoras de valores, financeiras, departamentos de investimento e atacado dos bancos Itaú e Unibanco, estimadas entre 150 a 200 pessoas, preocuparam os representantes dos trabalhadores. "Nos preocupa muito, porque isso mostra que o Itaú deve repetir o modelo passado de fusões e aquisições de bancos, sem dialogar com os trabalhadores. Lamentamos que a palavra de Roberto Setubal (presidente do Itaú) e Pedro Moreira Salles (presidente do Unibanco) não vale nada", disse o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos Alberto Cordeiro, referindo-se à garantia de empregos dada pelos executivos quando anunciaram a fusão das instituições. Cordeiro disse que a Confederação vai lutar para reverter as demissões. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, que vinha tentando estabelecer um acordo com os bancos que incluía a criação de um centro de realocação interna, deve se reunir com a direção dos bancos no início da próxima semana. "Os bancos dizem que as demissões ocorreram em razão da crise, e não em razão da fusão, mas nós estamos preocupados sim. Foi uma surpresa, as demissões vieram no meio de um processo de diálogo, que até então vinha sendo respeitado", admitiu o presidente do sindicato, Luiz Cláudio Marcolino. Lucro contábil O lucro contábil de R$ 7,8 bilhões do Itaú Unibanco no ano passado considera a operação de 12 meses do Itaú e de três meses do Unibanco. Segundo o diretor executivo da instituição, Geraldo Travaglia, isso foi possível porque a assembleia de acionistas fez a incorporação do Unibanco considerando os resultados até setembro. Se a incorporação das duas instituições tivesse ocorrido no início do ano, o lucro líquido contábil teria sido de R$ 10 bilhões em 2008, uma queda de 16,1% em relação ao ano de 2007, conforme balanço pro forma apresentado hoje pelo banco. Esse resultado considera os efeitos extraordinários de 2008, como os gastos de cerca de R$ 500 milhões com a integração (plano de aposentadorias, integração de sistemas, comunicação com o cliente). México Roberto Setubal afirmou hoje que, caso alguma instituição no México seja colocada à venda, o banco irá analisar a oportunidade. "Se alguma instituição significativa for ser vendida, vamos analisar se é possível investir nela", disse. O executivo reafirmou, no entanto, que o foco será a integração entre Itaú e Unibanco. Nos últimos dias, surgiram rumores de que o Itaú Unibanco seria um dos interessado na instituição financeira mexicana Grupo Financiero Banamex. Reportagem publicada no The Wall Street Journal, citando fontes, disse que a venda do Banamex poderia atrair o interesse de bancos latino-americanos, norte-americanos e europeus, entre eles o Itaú e o britânico HSBC. Na mesma matéria, o porta-voz do Citigroup Jon Diat disse que o grupo "não tem intenção de vender o Banamex", e que a marca faz parte das operações consideradas pelo grupo como fundamentais para o futuro. Redecard Setubal disse que não é desejo da instituição comprar a parcela do Citibank na Redecard. "Eventualmente podemos comprar uma parcela para vender depois", afirmou. De acordo com o executivo, o ideal seria ter um ou dois grandes bancos como sócios, mas que não tenham participação em empresa concorrente. Depois de vários rumores sobre a venda da fatia do Citibank na Redecard, na semana passada o Citi confirmou a intenção de "potencialmente realizar uma oferta pública secundária de ações ordinárias de emissão" da empresa de meios eletrônicos de pagamento. O banco, no entanto, não informou a quantidade de ações ordinárias que poderá ser eventualmente alienada. Fininvest As financeiras do Itaú, a Taií, e do Unibanco, a Fininvest, serão incorporadas no processo de integração entre os dois bancos e a marca que deverá prevalecer é a Fininvest. "É óbvio que não podem continuar as duas. Devemos juntá-las em uma única operação e entendemos que a marca Fininvest é a mais forte", disse o diretor-presidente, Roberto Setubal. O executivo não comentou, no entanto, quantos funcionários das financeiras devem ser desligados, lembrando que a desaceleração do crédito já leva a ajustes nessas operações. Além de lojas de rua, a Taií possui acordos com o Grupo Pão de Açúcar, Lojas Americanas e Marisa e a Fininvest com o Magazine Luiza e Ponto Frio.

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