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Janeiro tem vendas industriais em alta e produção em baixa

Segundo a Confederação Nacional da Indústria, as vendas reais tiveram um aumento de 4,42% no primeiro mês do ano

Por Agencia Estado
Atualização:

A atividade industrial em janeiro deste ano mostrou o mesmo quadro observado no final de 2005: vendas em alta e produção em queda (medida pelas horas trabalhadas). Segundo os dados divulgados nesta quinta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), as vendas reais tiveram um aumento de 4,42% no primeiro mês do ano, em termos dessazonalizados, em relação a dezembro de 2005. Na comparação com janeiro de 2005, o aumento das vendas foi de 4,92%. Ainda, segundo o documento, o número de empregos na indústria de transformação se manteve praticamente estável, com um aumento de 0,07% na comparação com dezembro e de 0,93% em relação a janeiro de 2005. As horas trabalhadas na indústria em janeiro tiveram uma queda de 0,87% ante dezembro, mas subiram 1,25% em relação a igual mês de 2005. Estoques A CNI afirmou que os números sinalizam uma redução de estoques na indústria de transformação. "Nessa sondagem, apurou-se que o processo de ajuste dos estoques não se completou no final de 2005. A redução dos estoques não foi forte o suficiente para ajustá-los ao nível planejado", destacou o documento "Indicadores Industriais". Recuperação A Confederação informou ainda que a expansão das venda sem janeiro sugere perspectivas de uma recuperação da atividade industrial. Em 2005, o cenário de produção era desfavorável, segundo o documento, em função dos juros altos, estoques elevados e a queda na rentabilidade das empresas exportadoras em função da valorização do real. A CNI destacou, no entanto, que no final do ano passado o cenário para as vendas começou a se alterar com o fortalecimento do consumo das famílias e a redução dos juros a partir de setembro. Capacidade instalada Ainda, de acordo com a CNI, a utilização da capacidade instalada da indústria de transformação foi a menor desde novembro de 2003, chegando a 80,4%, em termos dessazonalizados, no primeiro mês do ano. Em dezembro de 2005, o uso da capacidade instalada foi de 80,6% e, em janeiro de 2006, de 82,7%, também em termos dessazonalizados. Semestre Segundo o documento, o uso da capacidade instalada no primeiro semestre de 2005 manteve-se acima de 82% na maior parte dos meses, mas o índice seguiu a mesma trajetória de arrefecimento do número de horas trabalhadas na produção. A CNI ainda destacou que, além do desaquecimento da atividade industrial, a maturação dos investimentos foi outro fator a contribuir para a redução do uso da capacidade instalada. Demanda interna A demanda interna deve sustentar o crescimento da produção industrial este ano, segundo avaliou o economista da CNI, Paulo Mol. Segundo ele, está havendo uma mudança de cenário, na qual as exportações passam a ter um peso menor no crescimento das vendas industriais. "A demanda externa líquida deve ter pouco impacto no crescimento do faturamento das empresas, este ano", observou o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, corroborando a avaliação do economista. Segundo Mol, o aumento da demanda interna é justificado pela melhora do rendimento do trabalhador, como reflexo da queda da inflação e pela trajetória de queda dos juros. Segundo ele, a redução dos juros favorece o aumento do número de prestações no financiamento oferecido ao consumidor, o que por seu turno favorece o aumento da demanda doméstica. Mol disse que os dados levantados pelos institutos de pesquisa econômica mostram um crescimento grande na compra de bens duráveis. Cenário positivo A CNI espera para 2006 um cenário positivo para a atividade industrial. Castelo Branco disse que alguns fatores positivos devem favorecer o desempenho da indústria, como o fim dos estoques, a queda dos juros, o aumento da renda dos trabalhadores, a folga no parque produtivo e o aumento da demanda pública. Inflação Ainda, segundo Mol, "um eventual aumento da demanda não trará um risco de pressão inflacionária, porque há espaço para aumento da produção industrial". Ele alertou, no entanto, que o aumento da atividade industrial só deve impactar um aumento da geração de empregos nas indústrias, com mais intensidade, a partir do segundo semestre do ano. "O indicador de geração de empregos é sempre o último a apresentar uma recuperação", explicou. IBGE Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial caiu 1,3% em janeiro. O resultado foi o primeiro de retração após uma seqüência de três meses de alta, nesta base de comparação. Porém, em relação a janeiro de 2005, a produção da indústria cresceu 3,2% e acumula em 12 meses um aumento de 2,9%. Esse crescimento em relação ao mesmo mês de 2005 também veio abaixo do piso das projeções de mercado, que era de 4,70% (média de 5,35% e teto de 6,1%). Presidência O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, substituirá o ex-presidente da Fiesp Carlos Eduardo Moreira Ferreira no cargo de 1º vice-presidente, na nova diretoria da CNI que será eleita dia 25 de julho. Na chapa única, fechada na noite da última quarta-feira, o atual presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, concorrerá a um segundo mandato de quatro anos. Este texto foi atualizado às 14h27

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