TÓQUIO - O Japão retirou a Coreia do Sul da "lista branca" de países isentos de procedimentos para a aquisição de centenas de produtos japoneses, anunciou o governo nesta sexta-feira, 2, em Tóquio.
A ampliação das restrições comerciais foi aprovada em reunião do gabinete, segundo o ministro da Indústria e Comércio, Hiroshige Seko. O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, afirmou que a decisão é "irresponsável" e ameaçou revidar.
A medida, que entrará em vigor no dia 28 de agosto, é vista como uma sanção contra Seul e poderá agravar a tensão bilateral. "Trata-se de uma revisão da lista, necessária para uma gestão apropriada de controle das nossas exportações para a segurança nacional", justificou o ministro, garantindo que não é uma sanção. "Não é um embargo às exportações, não afetará a cadeia de fornecimento e não terá um impacto negativo nas empresas japonesas."
Tóquio considera que a Coreia do Sul violou em várias ocasiões as normas relativas a exportações. Por isso, a medida seria necessária por uma questão de "segurança nacional".
O governo explicou que muitas empresas do Japão têm autorização para exportar para países que não integram esta "lista branca", e que o mesmo mecanismo poderá ser aplicado à Coreia do Sul.
Em resposta às restrições, Moon Jae-in afirmou que Tóquio é responsável por "ignorar as soluções diplomáticas" e "agravar a situação". Segundo ele, "a responsabilidade pelo que acontecerá a seguir está diretamente no governo japonês".
O porta-voz da Casa Azul, sede da presidência sul-coreana, afirmou que Seul "responderá com severidade" à decisão do Japão de retirá-la da lista de parceiros preferenciais. "Lamentamos profundamente a decisão do governo de [Shinzo] Abe", disse Ko Min-jung. "Nosso governo responderá com severidade à injusta decisão do Japão".
Tóquio adotou a medida apesar dos apelos de Washington para que seus dois aliados deixassem de lado suas divergências, e da advertência de Seul sobre uma revisão de sua cooperação na área de segurança.
O secretário americano de Estado, Mike Pompeo, deve se encontrar com o chanceler japonês, Taro Kono, e com a chanceler coreana, Kang Kyung-wha, nesta sexta.
A medida, que entrará em vigor no dia 28 de agosto, fará com que centenas de produtos considerados sensíveis sejam objeto de maiores controles para a exportação, mas os especialistas consideram que os efeitos serão mais simbólicos. "Terá um impacto limitado na economia sul-coreana", avaliou Hajime Yoshimoto, economista da Nomura Securities, em parte porque os exportadores japoneses podem obter permissões especiais para vender a países fora da "lista branca" com procedimentos simplificados.
O Japão já havia endurecido, no mês passado, as normas para a exportação de três produtos-chave para as indústrias de telefonia e chips da Coreia do Sul, o que gerou temores no setor. / AFP