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Jirau, um lugar bem longe da crise

Depois de atrasos e confusão, uma das maiores obras do PAC, a usina no Madeira, finalmente está em andamento

Por Leonardo Goy e PORTO VELHO
Atualização:

Com a economia em ritmo acelerado por causa das obras das hidrelétricas do Rio Madeira, Rondônia pode experimentar níveis de crescimento chineses neste ano, apesar dos efeitos da crise internacional no Brasil. "Nosso Estado está blindado contra a crise", disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero), Denis Roberto Baú. Depois de muito atraso, provocado por brigas políticas, disputas empresariais e questões burocráticas e ambientais, as Usinas de Jirau e Santo Antônio começam a sair do papel. Com a injeção de dinheiro na construção das usinas - cerca de R$ 20 bilhões em cinco anos -, a Fiero calcula que o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado vai crescer 7% a 10% este ano. As duas usinas vão gerar cerca de 60 mil empregos diretos e indiretos. Enquanto isso, o resto do País vive uma situação bem diferente. Na semana passada, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou que deverá revisar para próximo de zero sua expectativa de crescimento da economia neste ano. Alguns economistas falam até em retração do PIB em 2009. Em Rondônia, não se teme o desemprego. Em janeiro, o Estado foi um dos únicos a registrar aumento no número de postos de trabalho: de 0,63%, o equivalente a 1.060 vagas. Isso em um mês em que o desemprego no País cresceu 0,32%, com 101.748 vagas fechadas. Jirau e Santo Antônio são exceções no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que não vem apresentando os resultados esperados. Levantamento recente feito pela reportagem do Estado em 75 projetos de energia, logística e transportes de carga e urbano mostrou que 62% deles estavam com o cronograma atrasado. As obras não progridem por fatores como restrições ambientais ou incapacidade do governo de gastar as verbas do programa. No ano passado a sobra chegou a R$ 1,895 bilhão. Em um Estado pouco industrializado como Rondônia, a instalação de duas hidrelétricas gigantes - que, juntas, vão gerar 6.450 megawatts, a metade de Itaipu - tem um efeito decisivo na economia local. O setor imobiliário já começou a experimentar o aquecimento. Segundo Baú, da Fiero, há 130 edifícios - a maior parte residencial - em construção em Porto Velho. "Esses prédios deverão atender à população que terá aumento de renda e vai poder comprar a casa própria." O boom imobiliário inclui obras de alto padrão. Em um bairro nobre da capital está em construção o edifício Portal do Madeira, com 24 andares e apartamentos de 380 metros quadrados. Segundo os encarregados da obra, todas as unidades já foram vendidas, por cerca de R$ 750 mil cada uma. A crise não deve, ao menos por enquanto, atingir as hidrelétricas. Segundo Victor Paranhos, presidente da Energia Sustentável do Brasil - que está construindo Jirau - as obras não foram afetadas. "Ao contrário, estamos é precisando de mão de obra. Estamos treinando pessoal". A aparente imunidade contra a crise vem do financiamento garantido pelo BNDES e porque 70% da energia que as usinas vão produzir já estão contratadas pelas distribuidoras.

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