09 de setembro de 2021 | 04h00
Assim que foi eleito governador de São Paulo, em 1982, Franco Montoro pediu a mim e ao seu filho, André Montoro Filho, que sugeríssemos nomes para preencher as chefias da administração econômica do Estado. Eu já havia sido convidado por ele para ocupar a Secretaria de Economia e Planejamento. E o André coordenaria o conselho econômico do governo.
A Secretaria da Fazenda era a chave para governar o Estado. André apresentou-me João Sayad como nome para a Fazenda. Apoiei a sugestão, que foi aceita pelo seu pai.
Foi então que planejamos os difíceis primeiros tempos do governo Montoro, que herdava um Estado imerso na superinflação, no desemprego e nas carências sociais, sem falar do funcionalismo sequioso para recuperar perdas dos salários reais.
Sayad saiu-se bem na função, combinando bons auxiliares – Francisco Luna, Philipe Reichstull, Romeu Ricupero, entre outros, com criatividade e empenho. A relação Fazenda x Planejamento foi harmônica. O fato é que, em menos de dois anos, pôs-se o setor público paulista em ordem.
Tancredo Neves era governador de Minas Gerais e, já em 1984, numa reunião cujo conteúdo foi confidencial, fizera um acordo com Montoro: se a próxima eleição presidencial fosse direta, o candidato seria Montoro; se fosse indireta, seria Tancredo. Indireta foi, e o mineiro se sagrou candidato, sendo eleito no Congresso com o apoio de parlamentares dissidentes do regime.
João Sayad foi para o Ministério do Planejamento, na cota, digamos, paulista. Fez um bom trabalho de unificação dos orçamentos federais, referentes, por exemplo, aos setores fiscal e monetário. Mas, acima de tudo, foi sua equipe que concebeu o Plano Cruzado, que não deu certo, mas abriu caminho para o Plano Real.
Ao longo dos anos, João se consolidou como articulista – bem-humorado, didático, com abordagens originais das questões econômicas, sociais e políticas.
João Sayad, querido amigo, fará muita falta a todos nós.
*SENADOR (PSDB-SP)
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