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Jornais argentinos destacam encontro Kirchner e Lula

Por Agencia Estado
Atualização:

Os jornais argentinos deram amplo espaço para a cobertura sobre o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner. O Clarín destaca que ambos "jogam forte pelo Mercosul" em reportagens de duas páginas, nas quais relata a primeira viagem ao exterior do presidente argentino e dá detalhes sobre o acordo para revitalizar o Mercosul. Porém, o jornal publica outras duas páginas onde o tema principal é a preocupação do ministro de Economia, Roberto Lavagna, de que haja uma invasão de produtos brasileiros na Argentina. Como antecipou a Agência Estado, ontem, apesar da boa vontade e da decisão política dos presidentes Lula e Kirchner de fortalecer e aprofundar o Mercosul, concretamente será uma tarefa difícil devido às diferenças das situações econômicas de ambos países. A entrevista do ministro de Economia ao jornal Clarín, em Brasília, confirma que não só os empresários mas também o governo estão preocupados com o aumento das importações brasileiras para a Argentina. "Segundo o ministro, é porque o sócio principal do Mercosul atravessa uma etapa de recessão, enquanto que na Argentina a economia cresce 5%", afirma o Clarín adiantando que Roberto Lavagna quer mecanismos de compensação no comércio bilateral. "As regras não podem ser iguais quando um país está em recessão e outro em expansão", disse o ministro ao jornal. Tudo indica que este será o primeiro atrito entre os dois sócios, já que há poucos dias, perguntado pela Agência Estado se as queixas empresariais sobre o aumento das importações dos produtos brasileiros na Argentina eram válidas, assim como pedidos de salvaguardas, o embaixador do Brasil em Buenos Aires, José Botafogo Gonçalves, disse que "o Brasil perdeu 80% no total das exportações para a Argentina. No caso dos calçados foi uma perda de 90%. Então, nós estamos recuperando um mercado que tínhamos perdido, por eficiência e por competitividade". O embaixador se referiu aos demais anos, desde que o Mercosul foi criado, nos quais a Argentina sempre obteve superavit com o Brasil. "Casamento por conveniência" O La Nación não entrou em polêmicas e foi direto à "Forte aposta de integração com Brasil", em uma reportagem que detalha o encontro dos dois presidentes e um análise que classifica esta união entre Brasil e Argentina como um "casamento por conveniência". O Página 12 dedica metade de sua capa à retomada da "aliança estratégica" e duas páginas ao assunto, com opiniões de analistas das áreas de política, economia internacional e defesa e segurança. Em uma das análises, o enviado especial do jornal, Martin Granovsky comenta que a união dos dois países é "um caminho sem retorno", e que o próprio presidente Kirchner teria dito esta frase à sua comitiva. O El Cronista destaca o "relançamento do Mercosul" e o impulso à eleição do parlamento regional através do voto direto. Também chama a atenção para o compromisso de que em outubro se discutirá a eliminação de exceções da Tarifa Externa Comum (TEC), e que criarão instrumentos para fomentar e garantir os investimentos dentro do bloco. O Ámbito Financiero preferiu abordar o aspecto de que "Lula propôs a Kirchner, o sonho de hegemonia sobre a América do Sul". Já o Infobae foi o único a destacar que os dois presidentes analisaram "um plano regional de obras de infra-estrutura".

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