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JPMorgan prevê queda maior dos salários

Para o banco, redução é consequência do desemprego em todo o mundo

Por Nalu Fernandes
Atualização:

A taxa de desemprego deve continuar avançando no mundo, mesmo com as economias entrando em recuperação. A persistência do desemprego em nível elevado deverá adicionar mais pressão de baixa sobre os salários no mundo ao longo dos próximos dois anos, avalia o economista David Hensley, do JPMorgan. "A mais profunda recessão mundial desde 1930 vai deixar uma marca duradoura no cenário econômico", afirma. O JPMorgan projeta queda de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em 2009, mesmo com o número voltando ao território positivo na segunda metade do ano. Para 2010, a projeção é de crescimento de 2,6%. Para a taxa de desemprego, o pico deve se aproximar de 9% nas economias avançadas em 2010, e pouco mais de 8,5% nas economias emergentes perto do fim deste ano. O economista adverte que a economia mundial vai voltar a crescer em meio ao maior nível da taxa de desemprego no planeta em décadas e com o menor nível de utilização da capacidade instalada nas indústrias no globo também registrado em décadas. Na prática, o que é esperado para a economia dos EUA também vale em escala global. Por exemplo, ontem, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, citou que o crescimento dos país ficará abaixo do potencial durante o processo de recuperação, gerando perdas "consideráveis" de postos de trabalho nos próximos meses. De forma semelhante, Hensley observa que a economia global ficou abaixo do seu potencial por uma ampla margem ao longo do último ano, o que deve continuar no próximo ano, fazendo com que o desemprego também cresça globalmente. Muitos estimam que o crescimento potencial da economia estaria em torno de 3%. O economista cita que o processo de recessão mundial criou um grande hiato do produto - diferença entre os níveis correntes do PIB e o PIB potencial -, fazendo com que subisse o desemprego e caíssem as taxas de operação das indústrias. Dessa forma, com a taxa de utilização de recursos abaixo do padrão de longo prazo, e provavelmente ficando em um nível baixo por anos, ficam sob forte pressão tanto os preços aos consumidores quanto os salários dos trabalhadores. Hensley adverte que a pressão de baixa sobre salários deverá permanecer intensa até o ano de 2011. A questão central é que, embora o desemprego seja considerado um indicador tardio, uma vez que reflete a resposta das corporações a um choque anterior do consumo, seus efeitos são importantes, porque deprime a retomada dos gastos dos consumidores.

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