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JPMorgan: previsões para 2001 não se confirmaram

As previsões econômicas e financeiras feitas por analistas para 2001 não se confirmaram e o principal motivo, segundo o diretor do JP Morgan, foi o atentado terrorista de 11 de setembro. Para este ano, exceto diante de novos acontecimentos imprevisíveis, a perspectiva é de um período melhor que 2001.

Por Agencia Estado
Atualização:

Todo início de ano somos submetidos a uma série interminável de previsões sobre os mais variados assuntos. Da cotações do dólar aos finalistas da Copa do Mundo, da alta da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ao resultado das eleições, tudo parece ser passível de previsão por parte de profissionais especializados, cuja grande sorte é não serem confrontados com suas previsões feitas no passado. Se analisarmos as projeções feitas para o final de 2001, por exemplo, veremos que ninguém chegou perto de acertar e, no entanto, estamos todos novamente tentando prever o que nos reserva o ano que se inicia. O fato de que muitas vezes os especialistas erram nas suas projeções não deve, entretanto, desqualificar o trabalho ou a capacidade dos mesmos. É preciso analisar cuidadosamente os motivos que levaram a tais erros e lembrar que, assim como tantas outras mercadorias, as projeções também possuem prazo de validade e instruções de utilização. Comparar projeções feitas no início do ano com a realidade pós-11 de setembro seria como utilizar um aparelho em condições extremas e depois questionar a qualidade do mesmo. É preciso que fique claro que o "Certificado de Garantia" das projeções não cobre eventos como o do World Trade Center. Essa longa introdução, mais do que justificar previsões erradas, busca ressaltar aos leitores que, infelizmente, não há receita mágica para se ganhar dinheiro. Os mercados financeiros têm demonstrado que mais importante que prever é possuir a capacidade de reavaliar os cenários. As projeções são feitas com base em premissas e é exatamente a capacidade de revê-las de forma ampla e rápida que faz a diferença. O leitor deve, portanto, buscar acompanhar essas mudanças e reavaliar sempre se as suas aplicações são as mais adequadas às suas expectativas de retorno. Apesar de todos os questionamentos acerca de previsões, este é o cenário que a JP Morgan Fleming Asset Management espera para 2002 (pelo menos para o início do ano): Cenário para 2002 - A expectativa é de que tenhamos um ano melhor que 2001. Os sucessivos choques a que foi submetida a economia brasileira no passado serviram como prova de fogo para o nosso modelo e, apesar de alguns sobressaltos, passamos relativamente bem. A crise argentina deixa de representar a principal ameaça à nossa economia e seu impacto parece agora limitado. A recuperação da economia americana e as eleições de outubro passam a ser as principais variáveis a serem acompanhadas. Dólar - As preocupações com o futuro da Argentina e a conseqüente demanda por dólares não devem permanecer em 2002. A expectativa, dessa forma, passa a ser de uma taxa de câmbio mais "comportada" e sem a forte movimentação registrada em 2001. A cotação do dólar deverá ser impactada mais diretamente pela necessidade de financiamento das contas externas que, por sua vez, sofre influência direta do crescimento da economia mundial. As eleições presidenciais também poderão movimentar as cotações ao longo do ano. Diante desse cenário, as aplicações atreladas ao dólar parecem pouco atrativas e não devem repetir o bom desempenho de 2001. Para os investidores que possuem dívidas em dólar, no entanto, essas aplicações podem ser recomendadas para que não se corra o risco de "perder o sono" também em 2002. Juros - Apesar de existir a expectativa de um ano mais tranqüilo, não são esperadas reduções significativas para as taxas de juros em 2002. A inflação continua perigosamente acima das metas e o Banco Central deve trabalhar de forma mais conservadora na condução da política monetária. A taxa Selic deve encerrar 2002 próxima a 17% ao ano, o que representa quase dois pontos percentuais acima das taxas praticadas no início de 2001. Os ganhos esperados nas aplicações prefixadas reduziram-se de forma significativa nos últimos meses e, como a redução dos juros não ocorrerá de forma concentrada no início do ano, poderá haver melhor momento para investimentos desse tipo. Bolsa - Além da recuperação da economia americana e da sucessão presidencial, a Bolsa de Valores será influenciada pela queda das taxas de juros. Apesar da pequena redução esperada para os juros, acreditamos que poderá haver um maior fluxo de recursos para a bolsa como fruto de uma menor aversão a risco. A crise argentina representou uma forte ameaça ao mercado acionário brasileiro no ano passado e o descolamento registrado nas últimas semanas coloca novamente o Brasil como uma excelente alternativa de investimento. Acreditamos que dentro de um cenário positivo o Ibovespa possa superar os 17 mil pontos no final do ano.

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