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Juiz anula leilão da Varig

Agora, as alternativas são: falência, um novo leilão ou a convocação de uma assembléia de credores para avaliar novas propostas apresentadas aos administradores judiciais

Por Agencia Estado
Atualização:

O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8a. Vara Empresarial do Rio, que cuida do processo de reestruturação da Varig, anulou o leilão da companhia aérea realizado no dia 8. Isso porque os Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) não depositaram os US$ 75 milhões de sinal para a compra da Varig conforme exigido pela Justiça. O TGV foi o único investidor a fazer a proposta para a compra da aérea. O valor ofertado foi de US$ 449 milhões. Representantes do TGV já tinham admitido ontem que não conseguiriam os recursos e levantaram ontem a possibilidade de, na última hora, pedir adiamento de prazo. O juiz confirmou que a TGV está sujeita às penalidades da lei por não ter cumprido a determinação do depósito - multa de até 20% do valor do lance, de US$ 449 milhões. O depósito de US$ 75 milhões era vital para a Varig sensibilizar a Justiça americana a prorrogar uma liminar que protege a empresa contra o arresto de aviões. O juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, estendeu a decisão até 21 de julho, condicionada à entrada de dinheiro hoje. Ayoub informou que o futuro da empresa será decidido na próxima semana entre três alternativas: falência, um novo leilão ou a convocação de uma assembléia de credores para avaliar novas propostas apresentadas aos administradores judiciais. Contudo, Ayoub afirmou que até o momento nenhum credor pediu a falência da Varig. Oferta da VarigLog O juiz confirmou que a VarigLog, ex-subsidiária de logística e transporte de cargas da Varig, que tem como acionista o fundo americano de investimentos Matlin Patterson fez uma proposta pela Varig. A proposta de investimento teria sido de US$ 500 milhões pela operação integral da ex-controladora, conforme antecipou o Estado. Caso a oferta da VarigLog não atenda o modelo de venda aprovado na última assembléia de credores, será preciso realizar uma nova reunião para então marcar um novo leilão. Ele descartou a possibilidade de uma venda direta, sem que haja o leilão. A oferta da VarigLog, relatou uma fonte da ex-subsidiária da Varig, estaria condicionada à aprovação, pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da aquisição da empresa pela Volo do Brasil, negócio fechado em dezembro do ano passado. Ontem, porém, o presidente da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse que as duas negociações são independentes e uma eventual formalização da oferta da VarigLog pela Varig não é inválida. A Volo do Brasil alega, no entanto, que sem a oficialização da compra da VarigLog - que, por sua vez, compraria a Varig - não há garantias do controle do fundo sobre a holding. O diretor de Relações Governamentais do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), Anchieta Hélcias, informou que pedirá ao governo federal e ao Banco Central esclarecimentos sobre a origem dos recursos disponíveis da Volo do Brasil para uma eventual proposta de compra da Varig. Segundo ele, o Snea pretende na semana que vem fazer uma reunião extraordinária com os presidentes das companhias aéreas do País para discutir a questão. O sindicato reúne a TAM, a Gol e outras empresas. Críticas Segundo o TGV, as indefinições jurídicas atrapalharam e impediram a conclusão das negociações com os investidores. "Foram muitas as conturbações dentro desse processo, sendo a última delas uma notificação para que a NV Participações depositasse mais da metade do valor dos US$ 75 milhões para o INSS. Essa instabilidade jurídica prejudicou enormemente o processo de capitalização do consórcio", disse o coordenador do TGV, Márcio Marsillac. A notificação se referia a uma dívida da Rio Sul, empresa do grupo Varig, com o INSS. Marsillac voltou a criticar a postura do governo, que não se mostrou disposto a apoiar financeiramente a reestruturação da Varig. O coordenador lembrou ainda que o fato de a Justiça ter sinalizado com a possibilidade de um novo leilão logo após a vitória da TGV também contribuiu para afastar os investidores.

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