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Juro ao consumidor continua em queda e atinge menor patamar da história

Segundo o BC, juro médio do crédito livre ficou em 31,1% em junho. Apesar disso, é uma taxa muito alta, se considerada a inflação anual acumulada de 4,92%

Por Eduardo Cucolo , Fernando Nakagawa e da Agência Estado
Atualização:

BRASÍLIA - O Banco Central informou nesta quinta-feira, 27, que o juro médio do crédito livre ficou em 31,1% em junho, ante 32,9% em maio. Foi o quarto mês seguido de redução da taxa na comparação com o mês anterior e novamente a taxa desceu ao menor patamar cobrado pelos bancos na série histórica. Já a taxa ao consumidor ficou em 36,5%, a menor desde julho de 1994. Para pessoa jurídica, a taxa recuou de 25% em maio para 23,8% em junho.

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A queda é resultado de uma diminuição do spread bancário - diferença entre o juro de captação e a taxa cobrada nos empréstimos. Essa diferença entre as taxas, no geral, caiu de 24,7 pontos porcentuais em maio para 23,2 pontos porcentuais em junho. No ano, até junho, a queda é de 3,7 pontos porcentuais.

Apesar disso, é uma taxa muito alta, se considerada a inflação anual acumulada de 4,92% - de acordo com o índice oficail de inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O recuo das taxas teve impacto na inadimplência. O grande destaque nesse tema foi a queda da inadimplência para veículos que caiu pela primeira vez desde dezembro de 2010. "Isso mostra um quadro benigno", afirma o chefe do departamento econômico do Banco Central, Tulio Maciel. "Diria até mais que isso porque os atrasos de 15 a 90 dias, o que é indicador antecedente, também têm apresentado comportamento positivo para essa modalidade (veículos) nos últimos dois meses, o que sinaliza trajetória mais favorável da inadimplência no 2º semestre", destaca.

Os dados do BC mostram ainda que o calote nas operações de crédito caiu em junho para 5,8%. O patamar é inferior à taxa de 5,9% registrada em maio e idêntica à observada nos meses de fevereiro e abril. O recuo dos atrasos superiores a 90 dias nos financiamentos aconteceu tanto para os consumidores quanto nos empréstimos para as empresas.

Maciel faz um prognóstico otimista dos níveis de calote no 2º semestre de 2012. "Como temos anunciado, esperamos um comportamento mais favorável da inadimplência no 2º semestre", disse.

Segundo ele, o calote vai diminuir como resultado de três movimentos. "É efeito da redução da taxa de juros, postura mais cautelosa por parte dos bancos desde o 2º semestre de 2011 e o crescimento da massa salarial. São fatores que contribuem para a trajetória mais favorável da inadimplência", disse.

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Estoque das operações de crédito

O estoque das operações de crédito do sistema financeiro cresceu 1,5% em junho na comparação com maio, de acordo com os dados do BC. Com a evolução, o estoque das operações alcançou R$ 2,167 trilhões no fim do mês passado. No acumulado do trimestre, a carteira cresceu 4,5%, e nos seis primeiros meses do ano, o aumento foi de 6,8%. Em 12 meses até junho de 2012, o total de operações de crédito registrou expansão de 17,9%.

Segundo o BC, entre as operações que mais cresceram no mês passado, estão os créditos para governos estaduais e municipais, que aumentaram 3,1% em um mês, para R$ 43,498 bilhões, e o financiamento para a habitação, que avançou 2,8%, para R$ 235,443 bilhões.

O BC informou ainda que o total das operações de crédito em relação ao PIB atingiu em junho 50,6%, maior que os 50,1% observados em maio.

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O chefe do departamento econômico do BC comentou que as operações de crédito apresentaram "expansão mais pronunciada" no 2º trimestre de 2012 na comparação com os três primeiros meses do ano. "O crédito mostra recuperação e tem evoluído em linha com o esperado em termos de expansão de volumes e concessões".

Os números também estão alinhados com a previsão da casa de que o crédito deve terminar o ano em patamar equivalente a 52% do PIB no fim do ano. "Esse ritmo de expansão vem sendo determinado por algumas operações como crédito imobiliário que crescem de maneira mais robusta e determina esse crescimento em relação ao PIB", disse.

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