BRASÍLIA - Em meio ao ciclo de alta acelerada da taxa básica de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito saltou 4,1 pontos porcentuais de setembro para outubro, informou nesta sexta-feira, 26, o Banco Central. A taxa passou de 339,5% para 343,6% ao ano.
O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades.
No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 168,7% para 172,6% ao ano. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 66,1% para 67,9%.
Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos. A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.
O juro bancário médio com recursos livres (sem contar habitacional, rural e BNDES) de pessoas físicas e empresas, avançou para 32,8% ao ano em outubro, amaior taxa desde março de 2020, quando estava em 33,3% ao ano.
A alta dos juros bancários médios é reflexo do aumento da Selic, que passou de 2% ao ano, em janeiro de 2021, para os atuais 7,75% ao ano com o objetivo de tentar conter a alta de preços - e também do spread bancário (que embute a margem de lucro das instituições financeiras).
Os juros médios nas operações com pessoas físicas, informou o BC, avançou de 41,7% ao ano em setembro para 43,8% ao ano em outubro. Esse é o maior nível desde abril do ano passado, quando somou 44,7% ao ano.
A taxa média de juros cobrada nas operações com empresas subiu de 17,1% ao ano, em setembro, para 19,1% ao ano em outubro - a maior desde julho de 2019 (19,2% ao ano).
No cheque especial das pessoas físicas, a taxa recuou de 129,6% ao ano em setembro para 128,8% ao ano em outubro. Nessa linha de crédito, o BC adotou um teto para os juros.
Crédito em alta
Segundo o BC, as concessões de empréstimos bancários registraram novo aumento em outubro, quando os empréstimos subiram 1,74%. Os novos desembolsos somaram R$ 447 bilhões em outubro deste ano, o que é o maior patamar de toda a série histórica, que tem início em março de 2011.
Já o volume total de crédito ofertado pelos bancos, segundo a instituição, subiu 1,5% em outubro, para R$ 4,497 trilhões, na comparação com R$ 4,431 trilhões em setembro. Houve expansão de 0,9% na carteira de pessoas jurídicas e aumento de 1,9% na de pessoas físicas.
Para todo este ano, o Banco Central estima uma expansão de 12,6% no crédito bancário. Em 2020, impulsionado por linhas emergenciais de crédito para o combate aos efeitos da pandemia, o crédito bancário teve alta de 15,5%.
Inadimplência
Mesmo com as dificuldades de famílias e empresas para fechar as contas, em meio à pandemia de covid-19, a taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos continuou em 3% de setembro para outubro, informou também o BC.
A taxa está estacionada em 3% desde julho deste ano, e desde outubro do ano passado não ultrapassa esse patamar. Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência foi de 4,2% para 4,3% no período. No caso das empresas, a taxa continuou em 1,6%.
A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) foi de 1,3% para 1,2% na passagem de setembro para outubro.
O dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência seguiu em 2,3% pelo sexto mês consecutivo.