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Juro do cheque especial atinge 187,8% ao ano em outubro, a maior taxa desde 1999

Segundo o Banco Central, esse foi a décimo oitavo mês consecutivo de elevação do cheque especial; os bancos também repassaram a alta da Selic para as taxas cobradas nos empréstimos

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast) e Victor Martins
Atualização:

Os juros no cheque especial atingiram 187,8% ao ano, o maior nível desde abril de 1999, quando a modalidade cobrava 193,65% ao ano, segundo dados do Banco Central divulgados na manhã desta quarta-feira. Entre setembro e outubro, os juros subiram 4,5 ponto porcentual. Esse foi a décimo oitavo mês consecutivo de elevação do cheque especial. No ano, a modalidade acumula alta de 39,9% e, em 12 meses, de 43,3%. 

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Os bancos também repassaram a alta da taxa básica de juros Selic para o crédito. Depois de dois meses em queda, as taxas de juros para crédito com recursos livres voltaram a subir. Em outubro, atingiram o maior porcentual desde março de 2011, ficando em 32,8% ao ano, segundo o Banco Central. O movimento ocorreu no mesmo mês em que a Selic foi elevada de 11% ao ano para 11,25% mas, como a alta foi no fim do mês e não havia qualquer sinalização de que viria um aperto monetário, as linhas de crédito podem subir ainda mais. 

Não houve tempo para as instituições financeiras absorverem a mudança e a perspectiva de continuidade de elevação. A Selic pode chegar a 12% ao ano em março, segundo o Boletim Focus, o que, se confirmado, terá impacto no custo dos empréstimos e financiamentos.

Em outubro, a taxa média de juros no crédito livre subiu de 31,9% ao ano em setembro para 32,8%. Para pessoa física, a taxa média de juros no crédito livre passou de 42,8% ao ano para 44% ao ano, no período, enquanto para a pessoa jurídica aumentou de 22,8% ao ano para 23,4%.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa subiu de 183,3% ao ano para 187,8% ao ano na mesma comparação - uma alta de 4,5 ponto porcentual no mês. Em 12 meses, essa modalidade acumula alta de 43,9 ponto porcentual. Para o crédito pessoal, a taxa subiu de 44,3% ao ano para 45,9% ao ano.

Para veículos, os juros caíram de 18,9% ao ano em agosto para 18,8% ao ano no mês passado no caso de pessoa jurídica. Já para pessoa física, o juro médio para aquisição de automóveis passou de 22,8% em agosto para 23% em outubro.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui também as operações direcionadas, aumentou de 21% ao ano em setembro para 21,3% ao ano em outubro. O juro médio do crédito direcionado (imobiliário e rural, por exemplo) passou de 8,1% ao ano para 7,9% ao ano na mesma comparação.

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Inadimplência. A taxa de inadimplência no crédito livre ficou em 4,8% em outubro ante 5,0% de setembro. Para pessoa física, passou de 6,6% para 6,4% na comparação mensal. Para as empresas, caiu de 3,6% para 3,4% de um mês para o outro. A inadimplência do crédito direcionado avançou de 0,9% em setembro para 1,0% em outubro.

O dado que considera crédito livre mais direcionado mostra inadimplência de 2,9% em outubro ante 3,0% em setembro. Após três meses consecutivos em 4,0%, no crédito livre para pessoa física, a inadimplência no crédito pessoal ficou em 3,7% em outubro. No cheque especial, subiu de 10,3% para 10,7% na comparação mensal.

Na aquisição de veículos, o volume de calote caiu de 4,4% em setembro para 4,2% em outubro. Esta é a menor taxa do ano, que começou em 5,2% em janeiro e foi recuando paulatinamente mês a mês. Já no cartão de crédito, avançou de 25,9% para 26,3% na mesma comparação. Esta é, por sua vez, a maior taxa do ano, que começou em 24,5% no primeiro mês do ano e foi subindo gradativamente.

Spread. O spread bancário médio no crédito livre (diferença entre a taxa de juro cobrada nos empréstimos e a paga nas aplicações financeiras) subiu de 20,8 pontos porcentuais em setembro para 21,3 pp em outubro. O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 31,2 ponto porcentual para 32,1 p.p. Já para pessoa jurídica, o spread médio subiu de 12,1 p.p. para 12,3 p.p. no período.

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