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Juro dos EUA na lona faz Bovespa beliscar 40 mil pontos

Por ALUÍSIO ALVES
Atualização:

O dramático corte de juro nos Estados Unidos para tentar reanimar a economia abalada pela crise reacendeu as esperanças do mercado, levando a Bolsa de Valores de São Paulo para o maior patamar em seis semanas. O Ibovespa subiu 4,37 por cento, para 39.993 pontos, ainda sem refletir totalmente a reação de Wall Street, onde os índices continuaram subindo após o fim do pregão na bolsa paulista. Mas essa disparada se deu numa sessão de giro financeiro pálido, de apenas 3,42 bilhões de reais. "A reação dos investidores foi imediata", resumiu Pedro Galdi, analista da corretora SLW, comentando a decisão do Federal Reserve de cortar o juro norte-americano de 1 por cento para uma faixa entre zero e 0,25 por cento ao ano, uma redução maior do que a esperada pelo mercado. Antes da decisão, anunciada no final da tarde, a aposta numa postura mais agressiva do Fed --que jogou a taxa básica do país para o menor nível da história-- já vinha crescendo, depois de uma bateria de novas evidências dos estragos da crise financeira que o país enfrenta. Pela manhã, o governo havia divulgado que o índice de preços ao consumidor teve queda recorde pelo segundo mês consecutivo e que a taxa de construção de novas moradias sofreu baixa recorde em novembro --alimentando os temores de que o país esteja entrando num ciclo de deflação. Com o juro EUA na lona e na expectativa de novas medidas do governo para levantar a economia --na véspera, a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, previu para janeiro um pacote de estímulo econômico de cerca de 600 bilhões de dólares-- os preços de commodities também saíram do chão, levantando as ações mais importantes do Ibovespa. Petrobras avançou 3,9 por cento, a 23,80 reais. Vale ganhou 4,9 por cento, valendo 25,93 reais. No final do dia, as matérias-primas perderam força, mas as ações mantiveram-se firmes. Papéis do setor de siderurgia, o de melhor desempenho do dia, reforçaram o movimento, sob liderança de Usiminas, com expansão de 6,3 por cento, para 28,48 reais. Um operador, que preferiu não ser identificado, alertou para o vencimento dos contratos de Ibovespa futuro, na quarta-feira, que também pode ter influenciado nos negócios. Outro segmento que contribuiu para o dia positivo da Bovespa foi o financeiro, também a reboque de notícias de Nova York. O Goldman Sachs reportou prejuízo trimestral de 2,12 bilhões de dólares. O resultado, embora tenha sido o primeiro negativo de sua história, acalmou investidores que previam a possibilidade de números ainda piores. Resultado: disparada das ações do setor. Lá e aqui, onde Itaú saiu na frente, com elevação 6,4 por cento, a 29,80 reais. Bradesco seguiu a trilha, disparando 6,37 por cento, negociada a 25,90 reais. A nota negativa do dia foi Vivo, despencando 5,2 por cento, a 33,70 reais, depois de relatórios de bancos com comentários negativos sobre a empresa, que perdeu participação no mercado brasileiro de telefonia móvel em novembro, segundo dados divulgados pela Anatel na segunda-feira. (Com reportagem adicional de Filipe Pacheco)

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