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Juro e inflação elevam dívida em R$ 24 bilhões

Valor dos títulos nas mãos dos investidores chegou a R$ 1,69 trilhão em março; participação de investidores estrangeiros se manteve estável: 11,4%

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Renata Veríssimo , Eduardo Rodrigues e BRASÍLIA
Atualização:

A dívida pública do governo federal em títulos nas mãos dos investidores totalizou R$ 1,69 trilhão em março, alta de 1,39% em relação a fevereiro. A expansão de R$ 24 bilhões em um mês se deveu em grande parte aos juros da dívida, que somaram R$ 16,39 bilhões, segundo os dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional. O custo da dívida tem crescido neste ano por causa dos aumentos da taxa Selic e da inflação. O custo médio acumulado em 12 meses subiu para 11,76% ao ano. Só não foi maior porque a valorização do real ante o dólar reduziu a despesa com o financiamento da dívida externa. As emissões de títulos superaram em R$ 6,87 bilhões os resgates. Conforme anunciado pelo governo, R$ 5,25 bilhões das novas emissões em março foram para capitalizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Uma medida provisória, editada em 2010, autorizou empréstimo do Tesouro ao banco de até R$ 30 bilhões, mas o BNDES só havia recebido R$ 24,75 bilhões no ano passado. O perfil da dívida melhorou em março. A fatia de títulos remunerados pela Selic caiu no mês passado para 32,34% do estoque da dívida, mas ainda está acima da meta para este ano. A participação desses papéis deve ser entre 28% e 32% do total para permanecer no Plano Anual de Financiamento (PAF). Esses títulos são justamente aqueles considerados menos favoráveis para a gestão das finanças públicas, que o Tesouro tenta há anos diminuir no estoque da dívida. "Com o cronograma previsto de emissões ao longo do ano, voltaremos às bandas estipuladas no PAF", disse o coordenador-geral de operações da Dívida Pública do Tesouro, Fernando Garrido. Os títulos prefixados, considerados os melhores para a gestão da dívida porque têm a remuneração fixada no momento da venda, também estão fora dos parâmetros fixados pelo Tesouro. Eles equivaleram a 34,56% do estoque em março, mas a meta é elevar essa participação entre 36% e 40% até o fim de 2011. O Tesouro também trabalha para diversificar a base de investidores em títulos públicos para distribuir melhor a participação dos grupos. A estratégia para evitar a concentração de papéis em um determinado grupo diminui o risco de movimentos bruscos na mesma direção em momentos de incerteza no mercado. O coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Otávio Ladeira, citou o caso dos bancos, cuja participação tem caído nos últimos anos, em sintonia com a queda no longo prazo da taxa básica de juros, enquanto os grupos formados por seguros e fundos de previdência têm aumentado a participação em títulos de longo prazo indexados à inflação. As instituições financeiras detêm 30,5% do estoque da dívida interna, seguidas por fundos de investimento, com 24,1%, e fundos de previdência, que detêm 15,9%. A participação dos investidores estrangeiros se manteve estável em março em 11,4%, depois de uma queda em fevereiro. Selic e IPCAR$ 1,69 trié o total da dívida pública do governo federal em marçoR$ 24 bifoi o aumento ante fevereiroR$ 16,39 bié a parcela de juros da dívida

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