PUBLICIDADE

Publicidade

Juro maior é ineficiente sem corte de gastos, diz Fecomércio

Para economista da CNC, decisão dosagem foi correta, mas mostra que BC está apavorado com inflação

Por Jacqueline Farid , Ana Luísa Westphalen e da Agência Estado
Atualização:

O presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, disse nesta quarta-feira, 23, em nota, que discorda da elevação de 0,75 ponto na taxa básica de juros, a Selic (agora em 13% ao ano), definida nesta noite pelo Comitê de Política Monetária (Copom). "O aperto monetário será ineficiente, caso seja mantido o patamar atual de gastos públicos", afirma. Veja também: Copom surpreende e eleva a taxa de juros em 0,75 ponto Segundo Diniz, o governo continua apoiando suas despesas em uma trajetória ascendente da arrecadação que não pode ser tida como permanente. "Com juros em alta, perde-se dinamismo econômico, o País cresce menos e a arrecadação diminui", disse. Para o chefe do departamento de economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor de política monetária do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas, o termo "tempestivamente" usado no comunicado do Copom "jogou um pouco de lenha na fogueira, porque mostra que (o Banco Central) está apavorado com a perspectiva inflacionária e isso pode elevar ainda mais as expectativas de inflação (do mercado)". Na opinião dele, a decisão do Copom aponta também para uma possível nova elevação de 0,75 ponto na Selic e o ajuste deverá prosseguir até o ano que vem. Ele considera "correta" a dosagem da alta estipulada na reunião desta quarta como forma de tentar trazer a inflação para o centro da meta. O economista acredita, porém, que será muito difícil, mesmo com aumento dos juros, cravar a inflação na meta já em 2009 e o objetivo só deverá ser plenamente alcançado em 2010. 'Desempenhos medíocres' Para a Fecomercio-SP, o aumento representa o fim de um período de crescimento do PIB brasileiro para o retorno aos "desempenhos medíocres, iguais ou inferiores a 3% ao ano" a partir de 2009. De acordo com as projeções da entidade, o ciclo de alta da Selic levará os indicadores neste semestre a apresentar desaquecimento dos investimentos, que seriam responsáveis pelo crescimento futuro. "Se as previsões do mercado se confirmarem e a Selic chegar ao final do ano no patamar de 14,5% ou 15%, a tendência é que desabe o crescimento em 2009", afirma a Fecomercio-SP. A entidade avalia que o Copom poderia ter sido mais comedido e também destacou a necessidade de cortes nos gastos públicos. Já o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti, afirmou que a decisão surpreende e preocupa a maior parte do mercado. Isso porque, para ele, a alta sinaliza que os aumentos da Selic serão maiores do que o esperado. Burti destacou que o Banco Central deve avaliar o impacto que a elevação da taxa de juros vem exercendo sobre o câmbio e, conseqüentemente, sobre a balança comercial, e chamou atenção para os efeitos da alta nos investimentos, que, segundo ele, estão sendo atingidos mais rapidamente do que o consumo. A ACSP reiterou que o instrumento mais adequado para conter a inflação com menor custo econômico e social seria a redução das despesas do governo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.