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Juro médio cai em julho, mas o do cartão de crédito sobe, aponta BC

Volume total das operações de crédito avançou 1% no mês passado, para R$ 3,66 trilhões

Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Fabrício de Castro e Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - Em meio aos efeitos da pandemia de covid-19 sobre a economia, a taxa média de juros no crédito livre (sem contar habitacional, BNDES e rural) caiu de 28,2% ao ano em junho para 27,3% ao ano em julho, informou o Banco Central nesta sexta-feira, 28. Em julho de 2019, essa taxa estava em 37,4% ao ano.

Nas operações com cartão de crédito rotativo, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram de 302,6% para 312% ao ano de junho para julho. Foto: Thiago Teixeira/Estadão

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Os dados foram influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas - em especial, nos meses de março e abril. Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 41,4% para 39,9% ao ano de junho para julho, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 13,0% para 12,0% ao ano.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, a taxa do cheque especial passou de 113,0% ao ano para 112,7% ao ano de junho para julho. No crédito pessoal, a taxa passou de 33,8% para 32,6% ao ano.

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. A expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor.

Em função da ineficácia da autorregulação da Febraban, o BC anunciou a limitação dos juros do cheque especial em 8% ao mês (151,82% ao ano), regra que vale desde 6 de janeiro deste ano.

Além da limitação do juro, os dados de julho refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Essa mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

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No caso das operações com cartão de crédito rotativo, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram de 302,6%, em junho, para 312% ao ano em julho.

O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente. Essa é uma das linhas de crédito mais caras do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.

Os dados do Banco Central mostram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 19,0% ao ano em junho para 18,9% em julho.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 19,5% ao ano em junho para 19,1% ao ano em julho. Em julho de 2019, estava em 24,7%.

O Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu 0,4 ponto porcentual em julho ante junho, para 18,3% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Crédito bancário sobe em julho

O volume total do crédito oferecido pelos bancos cresceu 1% em julho deste ano, para R$ 3,666 trilhões, segundo o Banco Central.

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No mês passado houve alta de 1,2% no volume do crédito bancário para empresas, para R$ 1,6 trilhão, e de 0,9% em pessoas físicas - para o total de R$ 2,1 trilhões.

Em doze meses, informou a instituição, o crescimento do volume total do crédito bancário subiu de 9,9% para 11,3% estimulado pelas operações com empresas - que tiveram aceleração de 11,8% para 15% -, enquanto que nas operações com pessoas físicas a taxa de expansão permaneceu em 8,5%.

As concessões totais de crédito somaram R$ 341 bilhões em julho, acrescentou o Banco Central, o que representa uma elevação de 9,4% no mês, sendo 13,3% para empresas e 5,9% para famílias.

O aumento no crédito bancário nos seis primeiros meses deste ano está relacionado às medidas adotadas pelo Banco Central para liberar às instituições financeiras mais recursos destinados a empréstimos em meio à pandemia do novo coronavírus.

O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) foi de 50,4% para 51,1% na passagem de junho para julho.

As projeções do BC, atualizadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, indicam expansão de 7,6% para o crédito total em 2020. A projeção para o crédito livre em 2020 é de alta de 10,6%. Já expectativa para o crédito direcionado é de elevação de variação 3,5%. Estas projeções já levam em conta os efeitos da epidemia do novo coronavírus na economia.