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Juro real avança para patamar de 12,5%, avalia economista

Por Agencia Estado
Atualização:

O aumento de 0,5 ponto porcentual promovido pelo Copom na Selic deve elevar o juro real, hoje na casa dos 12%, para 12,5%, na avaliação do presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais (Sobeet), Antônio Correia de Lacerda. Em entrevista ao Conta Corrente, da "Globo News", o economista acentuou que o Brasil trabalha com uma taxa de juro real muito elevada, enquanto no cenário internacional muitas vezes trabalha-se com patamares muito menores ou até mesmo negativos. É um preço muito caro pago pela economia brasileira, aponta Lacerda, diante, segundo ele, de um argumento frágil da autoridade monetária para se elevar a Selic. "A justificativa para o aumento (da Selic) é a expectativa do mercado em relação à inflação dos próximos 12 meses. E o mercado projeta algo em torno de 5,7%, porcentual que não está muito acima da meta fixada, de 5,1%. Mas ninguém pode garantir que as projeções vão se materializar", refletiu, complementando que o BC "está sendo excessivamente pretensioso em querer acertar o centro da meta e em um prazo excessivamente curto". O economista observou que há vários aspectos que influem no comportamento dos preços e, portanto, "é muito prematuro afirmar que a expectativa média do mercado possa sinalizar efetivamente algo que vai ocorrer". Além do "efeito perverso" do aumento do juro real, a alta da Selic acarreta a valorização artificial da taxa de câmbio. "Um juro doméstico muito alto atrai um fluxo de capital especulativo muito grande na economia, aumentando a oferta de dólares no mercado interno e reduzindo o preço." A queda do dólar, diz ele, não é só ruim para as exportações, como também para os investimentos e para a produção nacional, que "têm de concorrer em desigualdade de condições com as importações". Sobre o pronunciamento de Alan Greenspan, presidente do Fed, o banco central americano, que indicou novas altas dos juros dos EUA, Lacerda acredita que a instituição continuará adotando o aumento gradual dos juros, pois "ele (Fed) é muito cauteloso" e não leva só em conta a taxa de inflação, mas também os níveis de emprego e investimento.

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