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Juros altos impedem investimento de exportadoras, diz Iedi

Por Agencia Estado
Atualização:

A taxa referencial de juros, a Selic, em 26,5% ao ano, mantida ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom), dificultará a decisão dos exportadores de investirem na produção, uma necessidade dos setores que crescem devido às boas vendas externas e a cada dia chegam mais perto do limite de utilização da capacidade instalada, afirmou hoje o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida. Para ele, em não muito tempo, a dificuldade de investimento atingirá a capacidade de exportação dessas empresas e afetará negativamente o ajuste do balanço de pagamentos. "Para essas empresas exportadoras, a decisão de investimento fica cada vez mais difícil, devido aos juros lá em cima. No médio prazo, limitará as exportações", afirmou. Entre esses setores estão os de papel e gráfica, borracha, siderurgia e metalurgia de não-ferrosos, entre outros. Por outro lado, os juros "lá em cima" podem amenizar a necessidade de investimentos das empresas, cujos produtos são voltados para o mercado interno. "Se se reduz muito o ritmo da atividade, se reduz também a necessidade de expansão da capacidade instalada", explicou Gomes de Almeida. Obviamente isso não é positivo, disse ele, porque significa que o mercado está com baixa demanda e que as vendas das indústrias não estão crescendo. No entanto, adia a decisão de investimento para um futuro que pode ser menos problemático, com uma política monetária menos apertada, disse. O problema desse cenário, explicou o diretor do Iedi, é que quando a demanda começar a se reaquecer, produtos desses setores terão aumentos de custos (maior demanda por matéria-prima e produção restrita). Com isso, os importados surgem como alternativa, o que pode pressionar a inflação. "É um cenário não muito bom. Por isso acho que o Copom perdeu a chance de cortar os juros ontem e já dar uma sinalização melhor para os industriais", concluiu.

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