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Juros ao consumidor devem permanecer estáveis

Interrupção na tendência de queda da Selic também deixará os juros estáveis para o consumidor. Acrefi, Associação Comercial de São Paulo e Anefac criticam a postura conservadora do BC.

Por Agencia Estado
Atualização:

A decisão do governo de manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 18,5% ao ano não deve provocar alterações nos juros que chegam ao consumidor. O Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu a tendência das últimas reuniões, quando a Selic caiu 0,25 ponto porcentual por duas vezes seguidas. Representantes de bancos, financeiras e associações comerciais avaliam com pesar que os consumidores não sentirão qualquer impacto positivo na ponta do crédito. Um dos motivos que contribuem para a previsão dos analistas é o possível crescimento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), previsto para 17 de junho. O governo decidiu reajustar o imposto para tentar compensar as perdas na arrecadação com a demora na votação da emenda que prorroga a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Segundo o presidente da Associação Brasileira de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Ricardo Malcon, a manutenção da Selic mostra que o governo não se arriscou a tentar minimizar os efeitos negativos do crescimento do IOF. "A economia está desaquecida e há uma fraca demanda pela aquisição de bens. Como o governo mantém a Selic, dá sinal de que as coisas continuarão como estão", analisa. Malcon lembra que a Selic é apenas um dos elementos que influenciam os juros cobrados no mercado. Para ele, os altos índices de inadimplência, por exemplo, devem refrear qualquer redução significativa das taxas que chegam ao consumidor. Na mesma linha, o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti, afirma que a opção do governo em frear o movimento de queda da Selic deverá provocar mais cautela na maneira como lojas, bancos e financeiras lidam com os juros ao consumidor. "A expectativa de corte nas taxas do mercado fica temporariamente suspensa. A decisão do Banco Central, no mínimo, não ajuda em nada a economia", critica. "As empresas precisam de aumento na oferta de crédito e prazos mais longos ao consumidor para que exista a capacidade de se gerar novos empregos". O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, esperava que o governo reduzisse a Selic em 0,25 ponto porcentual. Com relação às taxas cobrados diretamente ao consumidor, o consultor explica que o mercado costuma acompanhar muito timidamente os movimentos dos juros básicos da economia. "Em março de 1999, a Selic estava em 45% ao ano e hoje está em 18,5% ao ano, o que representa uma queda de 58,89%. No mesmo período, a média das taxas no crediário, cheque especial e cartão de crédito, entre outras, diminuiu 39,85%, índice bem menor". A Assessoria de Imprensa da empresa de crédito pessoal Losango descarta qualquer alteração imediata nas taxas praticadas nas operações de empréstimo. Os bancos, que costumam não apontar previsões otimistas nem mesmo quando a Selic cai, tendem a seguir a postura de não mexer nos juros do cheque especial e do cartão de crédito.

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