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Juros cairão mais rapidamente em 2007 e economia crescerá acima de 4%

A afirmação é de Nelson Barbosa, um dos elaboradores do programa econômico da candidatura Lula e secretário-adjunto do Ministério da Fazenda

Por Agencia Estado
Atualização:

Nelson Barbosa, um dos elaboradores do programa econômico da candidatura Lula e secretário-adjunto do Ministério da Fazenda, afirmou nesta segunda-feira que as taxas de juros serão reduzidas mais rapidamente a partir de 2007, "como já está acontecendo". Em seminário na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele defendeu com ênfase a política macroeconômica e respondeu aos desafetos: "A política (econômica) pode ser parecida com o governo anterior, com meta de inflação, ajuste fiscal e câmbio flutuante, mas a preocupação de distribuir renda é nova". Barbosa argumentou que os juros cairão mais rapidamente porque, em 2007, há o fato novo de que pela primeira vez a inflação começará o ano abaixo da meta. "Isso muda muita coisa, porque com os juros mais baixos, cairá mais rapidamente a relação dívida/PIB". Em entrevista após a palestra, indagado sobre o ritmo da queda dos juros, Barbosa explicou que, na última reunião do Copom - que reduziu a Selic em 0,5 ponto porcentual -, "o Banco Central já surpreendeu o mercado, as condições estão dadas para redução mais rápida (dos juros) e inevitavelmente isso acontecerá, há um consenso de mercado refletido nas expectativas". PIB Barbosa afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá crescer acima de 4% em 2007. "Se a economia crescer 3,5% neste ano (2006), no ano que vem o crescimento será de pelo menos 4% e poderá chegar a 5%", disse. Segundo ele, a "melhoria da qualidade dos gastos públicos" acompanhará a aceleração do crescimento. O argumento de Barbosa é que normalmente os países aproveitam ondas de crescimento para melhorar a qualidade dos gastos. "A taxa de juros cai, o crescimento se acelera e o governo aproveita o momento para reduzir o peso do gasto público naturalmente, sem arrocho". Barbosa defendeu a política econômica do governo lembrando que "em 2002 a economia brasileira estava quebrada mais uma vez, já tinha quebrado em 1998" e, desse modo, o governo teve que priorizar, a partir de 2003, a queda da inflação. "Para entender macroeconomicamente estes anos, tem que levar em conta a necessidade de reduzir a inflação", disse. Ele defendeu o sistema de metas de inflação, o câmbio flutuante e uma política fiscal que promova a redistribuição de renda e viabilize investimentos. "As finanças públicas devem ser funcionais para o crescimento e o critério para saber se é funcional ou não é checar se a economia está crescendo, se a distribuição de renda tem melhorado", disse. Barbosa rebateu as críticas de que, com o aumento do número de ministérios, os gastos do governo com pessoal tenham crescido muito. "Os gastos do governo com pessoal este ano serão de 5,1% do PIB e, em 2002, eram de 5,3% do PIB, ou seja, houve um choque de gestão (no governo Lula)", disse. Câmbio Ele rebateu as críticas feitas nesta segunda pelo economista Luís Carlos Bresser Pereira, da FGV-SP, de que há um "populismo cambial" no Brasil. "É difícil falar em populismo cambial em momento de superávit em conta corrente, superávit comercial e aumento de reservas, (a apreciação cambial) foi resultado de um processo de redução da inflação", disse. Barbosa fez o comentário ao ser informado por jornalistas da crítica de Bresser, da qual, segundo ele, não tinha sido informado até o momento. Segundo Bresser, as recentes apreciações do câmbio no Brasil pode ser atribuída a estratégias econômicas, mas também "ao populismo cambial, já que o câmbio apreciado é bom para reeleger candidatos, já vimos isso no governo Fernando Henrique e agora no governo Lula".

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