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Juros curtos ficam perto da estabilidade e longos recuam

Taxas seguiram dólar e não sustentaram alta da abertura; corte do Orçamento não influenciou negócios  

Por Marcio Rodrigues e da Agência Estado
Atualização:

Em um pregão de movimento baixo e noticiário farto nesta segunda-feira, 22,, os investidores em juros contrabalançaram diferentes informações e as taxas futuras terminaram perto da estabilidade nos vencimentos curtos e com viés de queda nos longos. Pela manhã, subiram em reação à entrevista do presidente do BC, Alexandre Tombini, ao  Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, neste fim de semana. No meio do dia, os juros voltaram para perto dos ajustes devido à queda do dólar ante o real, que teve ajuda de um novo leilão de swap cambial do BC. Depois, os investidores ficaram em compasso de espera pelo anúncio dos cortes no Orçamento. Previsto para ser informado às 15h30, o anúncio foi feito às 16 horas e não trouxe surpresas, sendo confirmado em R$ 10 bilhões. Desse total, R$ 5,6 bilhões são de despesas obrigatórias e R$ 4,4 bilhões, de discricionárias.

 

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Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do contrato futuro de juro para outubro de 2013 (apenas 9.525 contratos) estava na mínima de 8,42%, de 8,43% ajuste anterior. O DI para janeiro de 2014 (32.135 contratos) marcava 8,74%, igual a sexta-feira. O vencimento para janeiro de 2015 (106.740 contratos) indicava taxa de 9,35%, também igual ao ajuste anterior. Na ponta mais longa da curva a termo, o contrato para janeiro de 2017 (40.655 contratos) apontava 10,33%, ante 10,37% na sexta-feira, enquanto o DI para janeiro de 2023 (5.335 contratos) estava em 10,84%, de 10,86% no ajuste anterior.

 

O evento mais aguardado do dia, o corte do Orçamento, apenas confirmou o que já vinha sendo antecipado. Por isso a notícia não alterou o viés de queda para as taxas. A divulgação se seguiu a um resultado fraco da arrecadação. Pela manhã a Receita Federal informou que a arrecadação de impostos e contribuições foi de R$ 85,683 bilhões em junho, valor nominal recorde para o mês e que corresponde a uma queda real de 0,99% (com correção da inflação pelo IPCA) em relação ao mesmo mês do ano passado e um recuo de 2,73% ante maio.

 

E os indicadores de atividade não ratificam qualquer otimismo. O sentimento da indústria caiu 3,6% na passagem de junho para julho, para 100,1 pontos, abaixo da média histórica recente (103,8 pontos), conforme o Índice de Confiança da Indústria (ICI) calculado em prévia da Sondagem da Indústria da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria, por sua vez, ficou estável no mesmo período (84,4%).

 

A confiança foi um dos temas da entrevista de Tombini neste fim de semana. O presidente do BC disse que "o combate à inflação vem no sentido de agregar, de ajudar a restabelecer a confiança" e que "o Banco Central tem a missão de trazer a inflação para a meta e é isso que estamos fazendo". O discurso foi recebido como um sinal de alta de 0,50 ponto porcentual da Selic em agosto por boa parte dos investidores, mas também reforçou a percepção de que o BC está preocupado com a atividade e pode encerrar o ciclo de ajuste do juro antes do previsto.

 

Ainda que em segundo plano, o Boletim Focus divulgado hoje trouxe redução das estimativas para inflação, Selic e PIB. As expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 5,80% para 5,75% neste ano e recuou de 5,90% para 5,87% no ano que vem. As estimativas para o PIB neste e no próximo ano passaram de 2,31% para 2,28% e 2,80% para 2,60%, respectivamente. Quanto à Selic, a previsão para o fim de 2013 foi mantida em 9,25% e, para 2014, recuou de 9,50% para 9,38%.

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