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Juro do cheque especial sobe após ‘pacto’ de bancos

Juros do rotativo e do cheque especial ultrapassaram os 300%, segundo o Banco Central

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - Um ano após a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciar medidas para reduzir o custo do cheque especial para o brasileiro, a taxa de juros desta modalidade segue em alta. Dados divulgados nesta sexta-feira, 26, pelo Banco Central (BC) mostram que, em junho, o juro médio do cheque especial foi de 322,2% ao ano. Em junho de 2018, antes das medidas serem implementadas, a taxa estava em 304,9%.

Bancos defendem que o tabelamento de juros beneficiará uma pequena parcela de usuários de cartão, uma vez que apenas 10% dos usuários utilizam linhas nas quais há cobrança de juros. Foto: Werther Santana/ Estadão

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Desde julho do ano passado, os bancos estão oferecendo um parcelamento para quem tem dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200, desde que o cliente tenha utilizado mais de 15% do limite do cheque especial durante 30 dias seguidos.

Na época, a Febraban defendeu essa migração para linhas mais baratas como uma forma de acelerar a tendência de queda do juro cobrado no cheque especial – o que não se concretizou. Ao contrário, houve uma alta de 17,3 pontos porcentuais do juro médio do cheque no período de um ano.

Na prática, uma dívida de R$ 5 mil no cheque especial transforma-se, em um mês, em um compromisso de R$ 5.640, considerando o juro médio de 322,2% ao ano. Esta é a linha de crédito mais cara do mercado.

O custo do cheque especial equivale a 14 vezes o juro do crédito consignado – uma das modalidades mais baratas do mercado. Em junho, o juro médio do consignado foi de 22,8% ao ano. Para os servidores públicos, esta taxa é ainda menor, de 20,8% ao ano.

“O crédito consignado se destina a financiar a expansão de consumo das famílias, enquanto o cheque especial se propõe a financiar alguma emergência”, comentou o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha. “O cheque especial é uma modalidade a ser evitada. Os custos são muito elevados.”

A Febraban reconheceu que, no período, a taxa do cheque especial apresentou elevação. Em um levantamento feito com 12 bancos, “que representam cerca de 90% do mercado brasileiro do produto”, a Febraban informou que os juros do cheque especial “subiram de 12,2% ao mês para 12,46% ao mês” (298,03% ao ano para 309,24% ao ano).

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Cartão

Entre as modalidades mais caras, destaque também para o rotativo do cartão de crédito. No caso do rotativo regular – que considera operações em que houve o pagamento mínimo da fatura do cartão –, o juro médio atingiu 277,2% ao ano em junho, conforme os números do BC. Um ano antes, em junho de 2018, a taxa estava em 261,1% ao ano.

Apesar dos custos, o BC mostrou que, entre maio e junho, houve alta de 0,4% no saldo das operações de crédito no Brasil, para R$ 3,296 trilhões. 

Veja as variações divulgadas pelo BC:

Subiram:

  • Rotativo do cartão de crédito: de 299,8% para 300,1%
  • Rotativo não regular: 314% para 316,4%
  • Cartão de crédito parcelado: de 174,1% para 175,6%
  • Tarifa total do cartão de crédito: 66% para 68,1%
  • Crédito livre para pessoa física: 52,9% para 53,2%
  • Cheque especial: 320,9% para 322,2% 
  • Crédito pessoal não-consignado: de 120,1% para 120,3%

Caíram: 

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  • Rotativo regular: de 279,9% para 277,2%
  • Taxa média do crédito livre: 38,5% para 38,3%
  • Crédito pessoal consignado: de 23,2% para 22,8%
  • Crédito livre para pessoa jurídica: 19,5% para 18,7%
  • Crédito pessoal para pessoa física: de 44,4% para 44,3%
  • Compra de veículos: de 21,1% para 20,9% 
  • Financiamento imobiliário: de 7,8% para 7,7%

Famílias endividadas

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O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro ficou em 44% em maio, ante 43,7% em abril, de acordo com o Banco Central.

O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas dividido pela renda no período de 12 meses. Além disso, incorpora os dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE.

Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 25,4% em maio, ante 25,1% em abril. Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu 20,3% em maio, ante 20,2% em abril. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 17,9% em maio, ante 17,8% em abril.

O crédito para habitação oferecido para pessoas físicas diminuiu 0,7% em junho ante maio, totalizando R$ 615,119 bilhões. Mas, ao analisar o período de 12 meses até junho, o crédito para habitação no segmento pessoa física subiu 5,6%.

Já o estoque de operações de crédito livre para compra de veículos por pessoa física avançou 1,2% em junho ante maio, para R$ 183,859 bilhões. Em 12 meses, houve alta de 16,6%.

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