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Juros nos EUA: impacto na Argentina e Brasil

Uma redução dos juros norte-americanos favorece a retomada do crescimento da Argentina e uma diminuição de sua dívida externa. O Brasil também seria beneficiado.

Por Agencia Estado
Atualização:

A confirmação da tendência de queda dos juros norte-americanos é um fato positivo para a recuperação da situação econômica argentina. Isso porque permite que as taxas sejam reduzidas também no mercado interno, favorecendo a retomada do crescimento econômico do país. Juros mais baixos também contribuem para uma redução da dívida do país. Segundo Ricardo Amorim, economista sênior para mercados emergentes do BNP Paribas, juros menores aliados a uma política fiscal expansionista (redução de impostos, como propõe o Presidente dos EUA) podem melhorar a situação argentina. "Essa é a tendência mais provável", avalia. Porém, o executivo não descarta uma crise financeira no país, que poderia ser provocada principalmente por uma piora do quadro norte-americano. Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria, lembra que hoje a política de juros na Argentina está totalmente influenciada pelo mercado norte-americano. "Podemos até falar que quem define os juros argentinos é o próprio FED", diz. Reflexos no Brasil Mesmo com bases bem fundamentadas - inflação e taxas de juros em queda e retomada do crescimento econômico -, a economia brasileira pode sofrer influências negativas de uma crise na Argentina. O País depende de capital externo para financiar o saldo negativo de suas contas externas e a imagem dos países emergentes perante os investidores estrangeiros é fundamental para determinar a atratividade dos papéis brasileiros. Se a percepção de risco aumentar, o patamar de juros que o Brasil terá que pagar para captar recursos. Nesse sentido, a deterioração da saúde financeira argentina provoca incertezas também em relação à economia brasileira. A situação na Argentina pode fazer com que o Brasil tenha que elevar os juros dos papéis da dívida brasileira para atingir suas metas de captação de recursos. Segundo Amorim, outro resultado de uma crise argentina seria uma alta do dólar. E uma desvalorização do real pressionaria a inflação, o que, por sua vez, frearia a queda das taxas de juros internas. De acordo com Loyola, o quadro não é tão negativo para os investimentos estrangeiros de longo prazo. Porém, caso a economia mundial seja afetada por uma forte retração econômica nos Estados Unidos, o Brasil não passará imune por isso. Amorim lembra que o País necessita de US$ 55,5 bilhões por ano para financiar suas contas. No mês passado, o déficit nas contas externas do Brasil foi o mais alto desde maio de 2000. No acumulado de 12 meses, o saldo negativo chega a 4,39% do PIB.

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