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"Juros são proibitivos, um assalto", diz Alencar

Por Agencia Estado
Atualização:

O vice-presidente José Alencar voltou a criticar duramente as elevadas taxas de juros praticadas atualmente no País. ?As taxas de juros no Brasil são proibitivas, são um verdadeiro despropósito e, em determinados casos, a gente poderia taxá-las como um assalto?, afirmou ele, na manhã de hoje, durante a terceira edição do evento Destaques Cias. Abertas, promovido pela Agência Estado, que premiou as dez empresas com melhor desempenho no mercado de capitais em 2002. ?Nunca houve na história do Brasil maior transferência de renda oriunda da produção e do trabalho, em, benefício do sistema financeiro.? Segundo Alencar, muitas vezes as empresas são muito bem administradas do ponto de vista técnico e mercadológico, mas esses esforços são anulados pelos custos financeiros: ?Se tiverem de recorrer ao sistema financeiro convencional, verão todo seu esforço fracassado, ainda que possuam excelentes quadros?, reiterou. Na sua opinião, os juros no País deveriam ser similares aos praticados nos Estados Unidos (taxa básica de cerca de 1,25% ao ano) e países da Europa (cerca de 3,5% ao ano). Ele lembrou que os consumidores brasileiros chegam a pagar juros mensais de 10% ao mês. ?Isso é muito grave?, considerou. Cipoal burocrático Outro fator que na sua opinião prejudica a produtividade das empresas brasileiras é o sistema tributário: ?Esse sistema transformou-se num verdadeiro cipoal burocrático, com determinados impostos indiretos em cascatas, como o Pis e o Confins, que acabam onerando os produtos exportados?. Para Alencar, a única saída não heterodoxa que o Brasil tem hoje é o crescimento das exportações. E as conseqüências desse aumento, serão: aumento nos saldos da balança comercial, equilíbrio e superávit nas transações correntes, credibilidade internacional, queda do risco Brasil e redução nas taxas de juros. José Alencar disse também que a atual logística de transporte também é prejudicial ao bom desempenho das empresas instaladas no País. Segundo ele, os custos de transporte são altos e as estradas brasileiras estão abandonadas há muitos anos. ?Temos de salvar urgentemente o que está aí.?. O vice-presidente lembrou que o Brasil é campeão mundial na produção de soja, competindo com os Estados Unidos e a Europa, que concedem grandes subsídios à produção: ?Precisamos melhorar as estradas para que as empresas nacionais e os produtores ganhem ainda mais competitividade e o presidente Lula está preocupado com isso.? Favorável ao lucro Apesar das duras críticas aos juros elevados, Alencar garantiu que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é favorável ao lucro. ?Porém, o Brasil deveria aprender a aplaudir e condecorar o lucro, em dez de condená-lo.? Alencar falou do respeito e apreço que a atual administração tem em relação aos governos anteriores, porém, destacou: ?Recebemos um quadro muito difícil. Mas acreditamos que temos condições de superar tudo isso com base na potencialidade dos recursos naturais e humanos que temos no Brasil.? No final do discurso de cerca de 20 minutos, José Alencar falou da proposta de reforma da Previdência que o governo encaminhou ao Congresso Nacional e das críticas que a taxação dos inativos está provocando. ?Taxar inativos é desgastante politicamente. Mas há momentos em que o homem público tem de enfrentar o desgaste político-eleitoral para resolver os problemas do País?, considerou. Alencar citou como exemplo o Estado de Minas Gerais, cujo 75% do total da receita líquida são destinados para a folha de pessoal e, deste total, 41% vão para os inativos. ?isso tem de mudar?, reiterou.

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