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Justiça aceita denúncia contra ex-diretores da Sadia

Também foi aceita denúncia contra ex-diretor do ABN-Amro, por uso de informação privilegiada

Por Paula Pacheco
Atualização:

A Justiça Federal de São Paulo aceitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que acusa três ex-executivos - dois da Sadia e um do Banco ABN-Amro - de fazer uso de informação privilegiada (inside trading) para lucrar no mercado financeiro. São réus na ação Luiz Gonzaga Murat Junior e Romano Ancelmo Fontana Filho, ex-Sadia, e Alexandre Ponzio de Azevedo, ex-ABN. Eles terão dez dias para se defender. Se condenados, a pena pode chegar a cinco anos de prisão e multa de até três vezes do valor da vantagem que tiveram no caso. Segundo o juiz federal substituto Márcio Rached Millani, da 6ª Vara Federal, "o comportamento desleal dos insiders ofende não somente os direitos dos demais investidores, obviamente desprotegidos perante os grandes acionistas e demais detentores de informações privilegiadas, mas também prejudica, de maneira indelével, o próprio mercado, aniquilando a confiança e a lisura de suas atividades." O caso começou a se desenhar em 7 de abril de 2006, quando a Sadia fez uma proposta para a compra da concorrente Perdigão - situação que se inverteria agora, três anos depois, com o anúncio da Perdigão arrematando a Sadia. A proposta foi aprovada pelo conselho da Sadia e, segundo as investigações, Murat, ex-diretor de Finanças e Relações com Investidores da empresa, no mesmo dia comprou ações da Perdigão na Bolsa de Nova York. Dois meses depois, ele voltou a adquirir papéis. Os três acusados pelo Justiça foram punidos administrativamente pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Securities and Exchange Commission (SEC), correspondente a CVM dos Estados Unidos. De acordo com o MPF, Murat comprou ações quando conhecia informações privilegiadas sobre a oferta pela concorrente. O conselho de administração da Perdigão recusou a proposta da Sadia em 21 de julho. Ao saber que as ações da Perdigão não se valorizariam mais, Murat vendeu tudo que tinha adquirido e lucrou por volta de US$ 58,5 mil com a operação. A ação de Fontana Filho foi semelhante, só que em quatro operações de compra e venda seu lucro foi de US$ 139 mil. Azevedo, do ABN, ex-superintendente executivo de Empréstimos Estruturados, comprou papéis da Perdigão na Bolsa de Nova York assim que soube que o banco seria o avalista da oferta da Sadia pela concorrente. Tanto Azevedo quanto Murat receberam uma sanção administrativa da SEC e foram proibidos de atuar no mercado financeiro por três anos.

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