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Justiça bloqueia mais 2 contas de envolvidos no caso Ipiranga

São pessoas físicas, sendo que um deles é funcionário de nível de gerência de uma das três empresas - Petrobras, Ultra ou Braskem - que compraram Ipiranga

Por Agencia Estado
Atualização:

Mais duas contas de investidores que operaram com ações da Ipiranga foram bloqueadas pela Justiça a pedido do Ministério Público e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A autarquia informou que os investidores são duas pessoas físicas, sendo que um deles é funcionário de nível de gerência de uma das três empresas - Petrobras, Ultra ou Braskem - que compraram o Grupo Ipiranga. Em nota, a CVM informou que o funcionário não consta da lista fornecida pela empresa das pessoas que tiveram conhecimento da operação. Na quinta-feira, 22, em uma ação inédita, a CVM e o Ministério Público já haviam conseguido bloquear R$ 4 milhões de contas de um fundo sediado em Delaware, nos Estados Unidos, e de uma pessoa física. Eles também são suspeitos de terem se beneficiados com informações privilegiadas sobre a venda da Ipiranga para os grupos Braskem, Ultra e Petrobras. O investidor divulgado nesta sexta-feira vendeu entre os dias 13 e 14 de março todas as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Refinaria Ipiranga, que havia comprado a termo (operação de mercado futuro) em fevereiro de 2003. Também no dia 13 de março, o funcionário comprou ações ordinárias (ON, com direito a voto) da companhia - quando elas estavam com preço mais baixo - e as vendeu no dia 19 de março, quando os papéis já tinham subido após o anúncio oficial da operação. O total dos recursos bloqueados deste investidor foi de cerca de R$ 295 mil e, segundo a CVM, a operação gerou um ganho de 70% para o funcionário. Isso sem contar "prejuízo evitado com a venda das ações preferenciais antes do anúncio da operação", diz a nota. O outro investidor apontado nesta sexta-feira é um cliente de uma corretora, que nos dias 14 e 15 de março comprou papéis ordinários da Refinaria Ipiranga e depois vendeu todas ações em 20 de março. Com esta operação, o investidor teve um ganho de 38% sobre o valor aplicado. Segundo a CVM, a própria corretora avisou a autarquia sobre a suspeita de uso de informação privilegiada no negócio. O total bloqueado é de R$ 860 mil. Investigação Os rumores de que houve privilégio de informações no processo de aquisição da empresa foram reforçados pelo aumento do volume de negócios com ações do Grupo Ipiranga na semana que antecedeu o anúncio da venda. Entre os dias 12 e 16 deste mês, foram negociados R$ 24 milhões em ações ordinárias. É mais do que o dobro do volume negociado nos três meses anteriores, entre 2 de janeiro e 9 de março: R$ 11,6 milhões. A mudança de média diária dá a dimensão do salto: de R$ 290 mil, em três meses, para R$ 4,8 milhões na última semana. A CVM informou que a investigação preliminar da CVM deve ser concluída em 90 dias. A apuração não irá se restringir aos investidores que efetivamente adquiriram os papéis. A autarquia também irá avaliar todos os executivos que tiveram informações sobre o negócio, como consultores, advogados e membros das empresas. Segundo Trindade, novas ações cautelares para bloquear o ganho com a compra de papéis podem ser pedidas. Nos próximos 30 dias, o Ministério Público Federal irá propor uma ação civil pública para indenizar os aplicadores que venderam as ações da Ipiranga nos dias que antecederam o anúncio da alienação de controle, e portanto tiveram prejuízo.

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