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Justiça do Rio proíbe venda da Varig México

Subsidiária teria sido cedida à VarigLog irregularmente

Por Alberto Komatsu
Atualização:

O juiz Luiz Roberto Ayoub, coordenador do processo de recuperação judicial da Varig antiga (Flex), proibiu na semana passada a venda da Varig México. A filial pertencia à Varig antiga, mas foi cedida em maio de 2006 para a VarigLog pelo ex-presidente da companhia, Marcelo Bottini. A decisão do juiz, da 1ª Vara Empresarial do Rio, foi baseada em uma petição da Fundação Ruben Berta (FRB) para impedir a venda da Varig México pela VarigLog. "É uma decisão para que a VarigLog se abstenha de vender a Varig do México. Segundo a peticionante (a FRB), é um ativo das empresas em recuperação", diz Ayoub, autor da decisão que afastou a FRB do controle da Varig em dezembro de 2005. "De todos os absurdos, este foi o maior: ceder um ativo que vale US$ 25 milhões", afirma o presidente do conselho de curadores da fundação, Cesar Curi. No final de julho, o sócio afastado da VarigLog, Marco Antonio Audi, já havia obtido na Justiça de São Paulo uma decisão para responsabilizar o fundo americano Matlin Patterson, atual controlador da VarigLog, por uma eventual venda de ativos. Audi acusava o Matlin de "dilapidar" a VarigLog. O fundo informou que não se pronuncia sobre o assunto. A Swissport, maior empresa global de serviços aeroportuários, confirmou no final de julho seu interesse em comprar a Varig México. O diretor de cargas da Swissport no Brasil, Reinaldo Góes, afirmou que as conversações foram iniciadas há dois anos, com conhecimento de Audi. No entanto, Góes disse que não houve nenhuma definição por causa do litígio judicial entre os ex-sócios da VarigLog. O representante da Fundação Ruben Berta diz que a cessão da Varig México para a VarigLog foi feita sem a autorização dos credores da Varig antiga, já que o negócio não foi aprovado em assembléia, pois foi feito à revelia de todos. Apesar de Curi dizer que a Varig México vale US$ 25 milhões, Góes, da Swissport, avaliou que o ativo está em um patamar de cerca de US$ 8 milhões. O negócio interessa à Swissport porque a Varig México é uma concessão no aeroporto da Cidade do México, com hangares que podem ser usados pela Swissport na área de cargas, como forma de ampliar sua operação no mercado mexicano. Audi e seus sócios Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel brigam na Justiça com o Matlin, que era representado pelo investidor Lap Wai Chan, desde que a Varig foi vendida para a Gol por US$ 320 milhões, negócio anunciado em março do ano passado. De lá para cá, acusações mútuas de desvio de dinheiro e gestão temerária, entre outras, levaram ao afastamento dos brasileiros e de Lap Chan da VarigLog, que passou a ser controlada temporariamente pelo Matlin. O fundo apresentou uma mudança acionária da empresa que controla a VarigLog, a Volo do Brasil, para se adequar à legislação aérea, que determina limite de 20% de capital estrangeiro em empresas de aviação. A mudança colocou a irmã de Lap Chan, Chan Lup Wai Ohira, chinesa naturalizada brasileira, e o sócio do Matlin, Peter Miller, brasileiro, no controle da Volo do Brasil. Porém, essa troca ainda não pôde ser analisada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por causa de uma liminar obtida pelos ex-sócios brasileiros da VarigLog.

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