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Justiça exige que Gol readmita funcionários

Aérea terá oito dias para recontratar os 850 empregados da Webjet dispensados em novembro; empresa vai recorrer

Por Glauber Gonçalves e RIO
Atualização:

A Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro expediu ontem um mandado exigindo que a VRG Linhas Aéreas, controladora da Gol, readmita os 850 funcionários da Webjet demitidos em novembro. A companhia terá oito dias para reintegrar os funcionários dispensados depois que o Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade) aprovou a compra da Webjet. A Gol informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que vai cumprir a decisão assim que receber o mandado, mas acrescentou que vai recorrer. A companhia já havia ingressado com mandado de segurança para não ter de recontratar os funcionários. O pedido, porém, foi negado na última sexta-feira, dia 14. Em audiência realizada ontem no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 1.ª região, a juíza Simone Poubel Lima, da 23.ª Vara, determinou uma multa diária de R$ 1 mil por trabalhador em caso de descumprimento da decisão. A contestação às demissões foi feita por meio de ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho do Rio. De acordo com a ata da audiência, a companhia aérea sustentou que não teria condições de readmitir os funcionários, uma vez que as aeronaves da Webjet nas quais eles trabalhavam já teriam sido devolvidas, e que os trabalhadores não estariam aptos a manejar os equipamentos atuais da Gol. Justificativas. Outra justificativa da empresa são os problemas financeiros, que lhe renderam prejuízo de mais de R$ 1 bilhão nos nove primeiros meses do ano. Os argumentos, porém, não convenceram a Justiça. No dia 23 de novembro, a Gol anunciou o fim das operações da Webjet e a demissão dos trabalhadores. De acordo com fontes do mercado, a decisão contrastou com a expectativa inicial da direção da companhia adquirida, que esperava que o processo fosse feito de forma lenta e gradual, culminando com o encerramento das atividades só em junho do ano que vem. As demissões levaram o governo federal a chamar o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, para dar explicações. Mesmo após o encontro, a companhia continuou afirmando que não voltaria atrás. A empresa diz ter reacomodado os passageiros da Webjet em voos da Gol e de outras companhias. Mesmo assim, alguns consumidores ficaram descontentes, pois haviam comprado passagens para voos diretos e foram colocados em voos com escala.Aquisição. A Gol comprou a Webjet em julho de 2011 e a operação foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em outubro. Na ocasião, a Gol pagou apenas R$ 43 milhões para comprar a Webjet, uma companhia fundada em 2005 pelo empresário Guilherme Paulus e dona de 5,5% do mercado doméstico brasileiro. Dos 1,5 mil funcionários da empresa, 850 foram desligados no fim de novembro, num movimento que pegou o setor e o sindicato de surpresa. Chamado pelo governo federal para dar explicações sobre as demissões, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, disse que a média de idade da frota de aviões da Webjet é de 21 anos, enquanto a da Gol é de seis anos. Essa diferença de tempo de uso, segundo ele, representa um consumo 28% maior de combustível - item que responde por 45% dos custos da empresa aérea. A frota da Webjet, formada por 20 aviões Boeing 737-300, está inoperante e será devolvida às empresas de leasing até o fim do primeiro trimestre de 2013. "Uma combinação de fatores fez com que o setor de aviação vivesse este ano o pior resultado operacional e financeiro de sua história", disse Kakinoff na época.

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