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Kirchner começa a investir em infra-estrutura

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, marcou o aniversário de primeiro mês de seu governo com o pontapé inicial de seu Plano de Obras Públicas, um dos principais pontos do programa de governo que foi apresentado durante a campanha presidencial. Kirchner anunciou a construção de 19.416 mil moradias, dentro de um prazo de oito meses, que implicará em investimentos de 280 milhões de pesos e na geração de 58 mil novos postos de trabalho. O governo entrará com 30% dos recursos, 84 milhões de pesos, enquanto que os 196 milhões restantes serão aportados por cada uma das províncias beneficiadas com o programa. Durante o lançamento das moradias populares, ontem à noite, o presidente lembrou que deste modo "cumpre com sua promessa de campanha" que levará ao país "a recuperação econômica". "Antes, o investimento público era considerado um gasto improdutivo. Os candidatos se comprometiam a produzir obras públicas mas uma vez eleitos, colocavam como desculpa o orçamento ou o superávit. Nós não fazemos isso", vangloriou-se. Néstor Kirchner não perdeu a oportunidade para atingir seus antecessores ao qualificar de "terrível" a utilização dos recursos do Fonavi-Fundo Nacional para a Vivienda (Habitação, em português) para financiar o gasto público "deixando desprotegidos milhares de trabalhadores que vivem da construção". Neste sentido, o presidente comprometeu-se a aplicar os recursos "especificamente" e "seriamente", o que implicará na transferência mensal destes fundos às províncias para executar os projetos determinados. O discurso de Néstor Kirchner, que desfruta de cerca de 80% de imagem pública positiva, arrancou aplausos da platéia composta, em sua maioria, por representantes dos setores ligados à construção. Porém, o presidente ressaltou: "Se todas as obras começarem juntas, seguramente não vamos terminar nenhuma". Fiel ao seu estilo provocador, Néstor Kirchner também mandou um recado aos críticos de sua gestão: "Não me interessa que alguns nos chamem pejorativamente keynesianos ou neokeynesianos, já sabemos quem são, à qual escolas econômicas pertencem e qual país nos deixaram", e completou: "Fazem falta medidas decididas e ativas para levar o país ao rumo que muitos sonhamos". Ele destacou ainda que não propõe uma Argentina fechada em uma ortodoxia que meramente tenha de fechar os superávits fiscais. "Foi o que dissemos aos organismos multilaterais nas últimas horas", disse, em referência às reuniões mantidas com o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Horst Köhler, na segunda e terça-feiras passadas. Para Kirchner, embora o superavit fiscal seja importante, "não se pode continuar subordinando os interesses estruturais da sociedade e a economia aos objetivos que só levam em conta o cumprimento das obrigações externas". Após o anúncio desta quarta-feira, as províncias terão um prazo de 30 a 60 dias para redefinir os contratos com as empresas construtoras. A outra notícia do presidente Néstor Kirchner que agradou aos presentes foi o compromisso assumido para instrumentar um plano de reativação do crédito hipotecário para reforma ou construção de moradia nova, através de uma série de modificações nas normas do Banco Nación e do Banco Central. "Nas próximas horas vamos tomar medidas para que o crédito volte para a moradia", revelou Kirchner. De acordo com o ministro de Planejamento, Julio de Vido, responsável pelo plano de obras do governo, o batizado Programa Federal de Reativação das Obras tem o objetivo principal de "normalizar" a construção dos empreendimentos abandonados, aproveitando assim, o "efeito dinamizador do setor de construção sobre o resto da economia como grande gerador de ocupação da mão-de-obra". O ministério informou que 65% das obras serão realizadas nas províncias de Santa Fé, Córdoba, Tucumán e Buenos Aires. Este será apenas o primeiro passo do ambicioso programa do presidente Néstor Kirchner, já que na Argentina, outras 38 mil moradias se encontram com as obras paralisadas.

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