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Kirchner faz mudanças nas Forças Armadas

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, foi rápido para cortar de vez o burburinho que andava fazendo muito ruído nas Forças Armadas, desde o dia de sua posse, no último domingo. Ontem à noite, Kirchner assinou o decreto que coloca na reserva os principais militares das cúpulas das Forças Armadas, desativando um grupo que tinha recuperado o gosto pela atuação política militar. Ricardo Brinzoni, agora ex-chefe do Estado Maior, foi o principal nome afastado e o mais desgastado junto à opinião pública, imprensa, organizações de Direitos Humanos, etc. Acusado pelo Centro de Estudos Legais e Sociais de realizar massacres durante a ditadura militar, o general Brinzoni pretendia permanecer no cargo até amanhã, dia do Exército, ocasião em que preparava um duro discurso contra o presidente. O próprio Néstor Kirchner fará o discurso em comemoração ao 193º aniversário de criação do Exército. Cerca de 27 generais, 13 almirantes e 12 brigadeiros passarão à reserva. Os novos chefes das três forças assumirão seus cargos ainda nesta quarta-feira. O ministro de Defesa, José Pampuro, admitiu que a decisão gerou um estado de tensão nas Forças Armadas mas também acredita que a "maturidade, o grau de compromisso e formação de todos fazem que estas mudanças sejam aceitas em um clima de tranquilidade". O presidente Kirchner se mostrou decidido a cortar o mal pela raíz ao não aceitar a indicação feita por Brinzoni de designar seu principal colaborador, general Daniel Reimundes como assessor, no Estado Maior Conjunto, e de que o general Mario Luis Chretien ocupasse a sub-chefia do Estdo Maior do Exército. A dupla Brinzoni/Reimundes colocou o Exército em posição de destaque no cenário político, coisa que não ocorria desde o fim da ditatura militar, dos anos 70. Fizeram lobby na Corte Suprema de Justiça em favor de leis de impunidade, mantinham encontros permanentes com juízes federais, arcebispos, parlamentares, jornalistas, empresários e até evitaram ascensões de militares com idéias nacionalistas ou populares. Junto com ex-funcionários públicos menemistas Eduardo Menem e Roberto Dromi, os militares tentaram modificar a lei para permitir a atuação policial das Forças Armadas. Negociação frente a frente A decisão de Néstor Kirchner foi tomada no mesmo dia em que o presidente inaugurou seu estilo característico de atividade e mobilidade ao ir, pessoalmente, solucionar o problema da greve de professores da província de Entre Rios. A greve impediu o início do ano letivo e já durava três meses. Em apenas algumas horas de negociação frente a frente, Kirchner resolveu o assunto. Para o analista político Ricardo Rouvier, "ele (Néstor Kirchner) vai até o problema e não espera que o problema venha até ele". Além disso, continua, "compromete seu gabinete a ter velocidade para resolver os conflitos" e está se mostrando um presidente decidido". A analista Analía del Franco, da consultoria Analogias, avalia que "com a atitude de Kirchner nestes dois dias de governo ele parece estar cumprindo com a expectativa que gerou em sua campanha e em sua mensagem de domingo". Segundo ela, uma pesquisa feita por sua consultoria, depois do discurso de posse, revelou que a população gostou mais da sua simplicidade e humildade.

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