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Kirchner pode limitar exportação de trigo ao Brasil

Com essa manobra antiinflacionária - pelo temor do país não conseguir suprir a demanda - o pão brasileiro deve ficar mais caro

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente argentino, Néstor Kirchner, na tentativa de conter a inflação do país, deve anunciar nos próximos dias - segundo fontes extra-oficiais - uma limitação drástica da venda de trigo para o mercado externo. Com essa manobra antiinflacionária, um dos principais atingidos será o Brasil - o maior importador de trigo argentino. A medida seria implementada por causa dos temores, por parte do governo, de que a safra 2005-2006 de 12,3 milhões de toneladas de trigo não seja suficiente para abastecer simultaneamente o mercado interno e o externo, já que a demanda no exterior está aumentando intensamente. Dos 10,5 milhões de toneladas de trigo consumidas no Brasil, quase metade vem da Argentina. A tarifa alfandegária do produto é de zero por cento. Desta forma, a medida de Kirchner causaria um aumento inevitável no preço da farinha, e, conseqüentemente, do pão no Brasil. No entanto, os principais beneficiados pela restrição de Kirchner seriam os produtores gaúchos, que durante a última década sofreram a dura concorrência argentina. As informações extra-oficiais que circulam na capital argentina no âmbito governamental e nos mercados indicam que a suspensão seria, a princípio, por 30 dias. O chefe do gabinete de ministros, Alberto Fernández, desmentiu as restrições para as exportações. Produção Na safra 2004-2005, a Argentina produziu 16 milhões de toneladas de trigo. Desse total, exportou 8,7 milhões. A safra 2005-2006 foi significativamente menor, de 12,5 milhões. O Brasil foi, ao longo da última década, um grande comprador de trigo argentino. No entanto, a Argentina foi, ao longo dos anos, diversificando seus mercados. Enquanto que em 1999 o Brasil comprava 74,1% das exportações argentinas de trigo, em 2005 a proporção havia caído para 47,3%.

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