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Kirchner quer que Mercosul seja ´ator´ decisivo no mundo

Presidente argentino admitiu que o bloco precisa resolver as assimetrias comerciais que prejudicam os sócios "pequenos" e disse que Lula resolverá isso em sua gestão

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente argentino Néstor Kirchner realizou na manhã desta sexta-feira um enfático apelo para que os países do Mercosul transformem o bloco em um "ator decisivo no mundo, um interlocutor na ordem mundial". Kirchner discursou na cerimônia dos presidentes que participaram da Trigésima Reunião Ordinária de Cúpula do Mercosul e países associados, realizada na cidade argentina de Córdoba. O argentino, que ao longo do primeiro semestre deste ano ocupou a presidência pro-tempore do bloco do Cone Sul, saudou a entrada do quinto sócio pleno do Mercosul, a Venezuela. Kirchner também admitiu que o bloco precisa resolver as assimetrias comerciais que prejudicam os sócios "pequenos" do Mercosul, isto é, o Uruguai e o Paraguai. Segundo o presidente argentino, "todos os acordos de integração devem gerar salvaguardas para aqueles que sofrem atrasos relativos". Neste caso, Kirchner não somente estava se referindo aos "pequenos", mas também à própria Argentina, que no inicio do ano conseguiu arrancar do Brasil a implementação do Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC), um sistema de salvaguardas que pretende impedir eventuais "invasões" de produtos brasileiros no mercado argentino e vice-versa. Kirchner admitiu que o Mercosul possui "tensões" e "divergências". Mas, explicou que "são o resultado de ter que atender todos os pontos de vista". Segundo ele, "todo processo de integração é longo e difícil". Ele destacou que o Mercosul quer estar integrado ao resto do mundo. "Mas não de qualquer forma..não dá para construir uma integração enfrentando subsídios", disse, em alusão aos subsídios existentes nos EUA e na União Européia. Lula O presidente argentino, que passa nesta cúpula a presidência pro-tempore do Mercosul ao Brasil, dedicou elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva "nosso querido amigo Lula, que, todos nós sabemos, fará uma grande gestão, que é um grande presidente, que é um grande homem da América do Sul, e nós vamos acompanhá-lo...Ele sabe o tempo histórico que lhe toca...e que vai resolver vários assuntos pendentes do Mercosul durante sua gestão". Acordos Os presidentes do Mercosul concordaram em impulsionar a integração energética regional. Nesse caso, destacaram os avanços no estudo do projeto do Gasoduto do Sul e anunciaram a incorporação da Bolívia, Paraguai e Uruguai no projeto. Os presidentes também respaldaram a candidatura da Venezuela como membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU para o período 2007-2008; defenderam o aprofundamento da união aduaneira e definiram a implementação da segunda etapa da eliminação da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC). Os presidentes concordaram em avançar mais ainda nas definições do código aduaneiro do Mercosul. Além disso, concordaram em impulsionar o funcionamento do Fundo de Convergência Estrutural (Focem) durante 2006. Os líderes também formalizaram o acordo marco de comércio entre o Mercosul e o Paquistão, que fixa as bases para iniciar as negociações comerciais tendentes ao aumento dos fluxos bilaterais de comércio, através de um acervo efetivo aos mercados, por meio de concessões mútuas. Além disso, o Mercosul assinou com Cuba um acordo parcial de complementação econômica, que estabelece preferências alfandegárias sobre 3 mil produtos.

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