Um laboratório de pesquisa investigado por causa de um foco de febre aftosa no sul do Reino Unido disse na quarta-feira ter completa confiança nas suas práticas de segurança. Inspetores do governo apontam uma "forte probabilidade" de que a doença tenha vindo dos laboratórios de Surrey, perto de fazendas onde animais adoeceram, provocando o abate do gado e restrições internacionais à carne, leite e derivados produzidos no Reino Unido. Um relatório preliminar sobre o surto, confirmado há cinco dias, disse haver uma real possibilidade de que o "movimento humano" nos laboratórios tenha alguma relação. O Instituto de Saúde Animal (do governo) e o laboratório Merial Animal Health (que pertence às empresas Merck e Sanofi-Aventis) ocupam o mesmo local em Pirbright, a cerca de oito quilômetros das fazendas afetadas. O Merial disse que, após vários dias de investigações, "não foi possível estabelecer qualquer evidência de que o vírus possa ter sido transportado para fora do nosso centro por humanos". Ambos os laboratórios pesquisam a febre aftosa e desenvolvem vacinas. Eles manuseiam a mesmíssima cepa do vírus - isolada por cientistas britânicos há 40 anos, e hoje raramente encontrada - que atingiu o rebanho. O investigador Paul Logan disse que na quarta-feira será concluída a investigação da rede de drenagem do laboratório Merial, possível forma de transmissão da doença. "Todos os envolvidos nesta investigação entendem que este relatório é parte de um processo em andamento, e que o surto está causando dificuldades aos pecuaristas", disse o Merial, salientando seu compromisso em achar a fonte da contaminação. As exportações de carne do Reino Unido atingem mais de US$ 1 bilhão por ano, e o surgimento da aftosa desperta preocupações de que se repita uma crise como a de 2001, quando a doença devastou o setor e provocou prejuízos de US$ 17 bilhões no país. Embora não tenham acusado diretamente os laboratórios, os investigadores praticamente descartaram a possibilidade de que o vírus tenha se espalhado pelo ar, a forma mais comum. Falando pela TV após a divulgação desse relatório, o primeiro-ministro Gordon Brown citou a possibilidade de que o sistema de drenagem em algum dos laboratórios tenha tido participação. O Merial rejeitou tal hipótese. "Desejamos esclarecer que a Merial não libera água do local compartilhado de Pirbright. Garantimos que a água que usamos na nossa produção de vírus é tratada, e nós então a transferimos para o Instituto de Saúde Animal, que a trata mais e a libera."