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Lado argentino das cataratas terá 24 hotéis

Indígenas, empresários e governo se reúnem para atrair mais turistas

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma frase utilizada na região da fronteira costuma definir as cataratas do Iguaçu como um espetáculo realizado em uma curiosa parceria: "os argentinos preparam o espetáculo...e os brasileiros assistem de camarote". A frase alude ao fato de que a imensa maioria das quedas está do lado argentino, enquanto que a melhor vista do cenário situa-se nas margens brasileiras. Da mesma forma que a vista panorâmica (na Argentina estão as melhores vistas em close-up), do lado do Brasil localiza-se uma rede hoteleira superior à da área argentina. Mas, o governo da província de Misiones, onde estão as cataratas, quer mudar essa situação, e almeja que um fluxo substancial de turistas - principalmente os estrangeiros - seja desviado para seu lado da fronteira. Para isso, em associação com prestigiadas redes internacionais hoteleiras anunciou um ambicioso plano de construção de 24 hotéis na região da selva, a poucos quilômetros das monumentais cataratas. Do total, nove hotéis serão de cinco estrelas. O restante estará dividido entre hotéis de quatro e três estrelas. O investimento global será de US$ 150 milhões. O plano é que os hotéis estejam prontos em 2008. Com a construção destes hotéis, o número de leitos em Puerto Iguazú, o município argentino onde estão as cataratas, aumentará de 6 mil para 9 mil (em Foz de Iguaçu, do lado brasileiro, os hotéis contam com 30 mil leitos). Os hotéis, quando prontos, proporcionarão o surgimento de 1.500 postos de trabalho. Todos os hotéis estarão instalados na selva de Yryapú, sobre o rio Iguaçu. Entre as redes que já combinaram sua instalação na área das cataratas estão a Hilton, Hyatt, Radisson, Panamericano, Lois Suites, Nido Jungle, Village Cataratas e Tekoá. Além dessas empresas, também se instalará ali o hotel de artes e vinhos Tapiz. Alguns dos hotéis terão a modalidade de cabanas e chalés, integrados à natureza. Cada lote contará com 10 hectares. Mas, nenhuma construção hoteleira poderá ocupar mais de 10% do terreno. O caso é sui generis, já que, pela primeira vez, realiza-se na Argentina um empreendimento imobiliário-turístico-ecológico. O acordo determina que os hotéis terão que respeitar a natureza e os habitantes dessa região da província de Misiones, os indígenas mbyá guarani. A comunidade indígena é composta por 360 pessoas, que em troca de terem cedido parte de suas terras (que antes do acordo estavam em litígio com o Estado de Misiones), receberão - além de energia elétrica, esgotos, água tratada e até internet Wi-Fi - capacitação por meio do Niagara College, dos EUA e escolas de turismo. Desta forma, os mbyá guarani poderão ser guias dos hotéis, ou trabalhar na gastronomia e hotelaria local. A tribu nunca foi conquistada pelos colonizadores espanhóis, e jamais foram cristianizados (possuem uma religião própria). O projeto tem o apoio da Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional, que tem o know-how aplicado ao desenvolvimento das comunidades indígenas canadenses, conhecidas por sua autonomia e bom nível de renda. O empreendimento se espalhará ao longo de 335 hectares de um total de 600 que pertencem à província de Misiones (os outros 265 são destinados aos indígenas). Os hotéis dentro dessa área estão proibidos de derrubar árvores (com raras exceções, de algumas espécies). O turismo é um dos setores que mais cresceu na Argentina desde a desvalorização da moeda nacional, o peso, em janeiro de 2002. Atualmente, segundo dados da Secretaria de Turismo, em toda a Argentina existem 200 hotéis em construção (ou a ponto de iniciar suas obras). O investimento na ampliação da rede hoteleira é de US$ 473 milhões.

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