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Lagarde assume comando do FMI com compromisso de continuar reformas

Com posse de ex-ministra francesa fica mantida a tradição de ter um europeu no comando da instituição

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Por Redação
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A francesa Christine Lagarde assumiu nesta terça-feira, 5, o comando do FMI (Fundo Monetário Internacional) com o compromisso de dar continuidade ao processo de reformas na instituição e com o desafio encontrar uma solução para a crise de dívida enfrentada pela Grécia, evitando que contamine outras economias da zona do euro. Em seu primeiro dia de trabalho, Lagarde chegou sorridente à sede do Fundo, em Washington, para cumprir uma agenda cheia, que inclui reuniões com membros da diretoria, do conselho executivo e chefes de departamentos do Fundo. De acordo com o contrato divulgado pelo FMI, Lagarde irá receber um salário de US$ 467,94 mil (cerca de R$ 732 mil) por ano, além de abono de R$ 84 mil (cerca de R$ 131 mil). Terá ainda as despesas pagas pela instituição durante os cinco anos de seu mandato. O salário é maior do que o de seu antecessor, o também francês Dominique Strauss-Kahn, que renunciou ao cargo em maio, em meio a um escândalo sexual. O contrato exige ainda que a nova diretora-gerente observe "os mais altos padrões de conduta ética, consistentes com os valores de integridade, imparcialidade e discrição". Segundo o FMI, Lagarde deverá se empenhar para "evitar a aparência de impropriedade em sua conduta". Strauss-Kahn deixou o cargo que ocupava desde 2007 após ter sido acusado de agressão sexual e tentativa de estupro por uma camareira de hotel em Nova York, em um processo ainda em andamento. Tradição Primeira mulher a comandar o FMI, a francesa de 55 anos disputava o comando do FMI com o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens. Sua vitória foi confirmada na semana passada, após seu nome ter sido escolhido pelo conselho executivo, formado por 24 membros que representam os 187 países integrantes do Fundo. Desde 2007 Lagarde comandava o Ministério das Finanças da França, onde teve papel destacado nas negociações pós-crise dentro do G20 e no pacote de ajuda à Grécia. Antes disso, foi ministra do Comércio, em um período em que as exportações francesas atingiram níveis recordes. Com a posse de Lagarde, mantém-se a tradição de ter um europeu no comando do FMI - enquanto o Banco Mundial é chefiado por um americano. A francesa é a 11ª europeia a ocupar o cargo. Seu nome teve o apoio de países europeus, dos Estados Unidos e dos Bric (Brasil, Rússia, China e Índia). No caso do Brasil, o governo disse ter apoiado Lagarde devido ao compromisso da francesa em avançar no processo de reforma no Fundo, que inclui a transferência de cotas para países emergentes e em desenvolvimento, aumentando o poder decisório dessas nações na instituição. Os países emergentes vêm pressionando por maior poder dentro do FMI e também para que um não-europeu possa assumir o comando da instituição em um futuro próximo. Ao cofirmar o endosso à francesa, na semana passada, o governo brasileiro lamentou a rapidez do processo de substituição a Strauss-Kahn - anunciado pelo FMI em 20 de maio -, que teria dificultado o "aprofundamento dos debates".

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