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Lagarde diz que FMI vai continuar com reformas

Em campanha pelo comando do Fundo, ministra francesa visita Mantega; mexicano, outro candidato, vem amanhã

Por Lu Aiko Otta e BRASÍLIA
Atualização:

Em campanha pelo cargo de diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), a ministra de Finanças da França, Christine Lagarde, disse ontem o que o governo brasileiro queria ouvir: que vai continuar com o processo de reformas na instituição, para ampliar a representação dos países emergentes."Minha candidatura está inscrita no processo de reformas", afirmou, após almoçar com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O Brasil foi a primeira parada da campanha eleitoral de Lagarde nos países emergentes, em que pretende visitar ainda a China, a Índia e o Oriente Médio.O governo brasileiro ainda não tomou uma posição, segundo o ministro. Amanhã, Mantega recebe o outro candidato, o presidente do BC do México, Augustin Carstens. As candidaturas serão formalizadas em 10 de junho e até lá o ministro vai articular-se com os demais Brics. A tendência, segundo se comenta nos bastidores, é que o voto brasileiro vá para a francesa, apesar da histórica posição brasileira a favor de ter representantes de emergentes no comando dos organismos internacionais, Para o Brasil, o fundamental é não interromper o processo de reforma do Fundo, que permitiu ao País aumentar suas cotas de 1,4% em 2008 para 1,8% atualmente e para 2,3% em 2012."O importante para o Brasil é que continue a trajetória dos últimos três anos, quando passou por importantes reformas que colocaram os emergentes em posição de maior protagonismo." As mudanças foram iniciadas pelo ex-diretor-gerente Dominique Strauss-Kahn, que renunciou no dia 19, após ser acusado de agressão sexual a uma camareira nos Estados Unidos.Além da reforma, o Brasil defende uma presença maior dos emergentes no comando dos organismos multilaterais e o fim da tradição pela qual o Fundo é sempre comandado por um europeu e o Banco Mundial, por um americano. "Ser europeia não deve ser um benefício, assim como não deve ser um inconveniente", ponderou Lagarde. Em tese, ela nem precisaria fazer campanha nos emergentes. Os países desenvolvidos, que provavelmente a apoiam, têm 55% dos votos na instituição. O que a ministra veio buscar é outra coisa: legitimidade. A instituição, que vinha sendo criticada pela sua atuação na crise de 2008 e 2009 e agora encontra dificuldades para tirar países europeus do atoleiro, foi ainda mais abalada com o escândalo envolvendo seu dirigente máximo. Câmbio. A ministra francesa esteve ontem também com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que destacou a proposta do governo brasileiro de utilizar uma cesta de moeda, em vez do dólar, como referência nas transações internacionais. Questionada sobre câmbio, Christine foi evasiva e disse que a desvalorização do dólar tem impactos diferentes nas economias. Ela observou, porém, que é preciso evitar a volatilidade excessiva das moedas. / COLABOROU RENATA VERÍSSIMOPlataformaCHRISTINE LAGARDECANDIDATA AO FMI"Minha candidatura está inscrita no processo de reformas""Ser europeia não deve ser um benefício, assim como não deve ser um inconveniente"

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