Publicidade

Lagarta imune a inseticida ameaça lavouras

Praga já foi encontrada em 66 municípios e levou Embraba a criar sistema de alerta emergencial

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - Uma nova praga ameaça as lavouras de milho e soja nas principais regiões produtoras do País. Uma lagarta batizada de Helicoverpa armigera já destruiu plantações na Bahia e se espalha por outros Estados.

PUBLICIDADE

No oeste baiano, o prejuízo nesta safra foi de R$ 1,4 bilhão, com a perda de 430 mil toneladas de milho e soja. A lagarta também foi encontrada em lavouras do Paraná e em 66 municípios do Mato Grosso, principais Estados produtores de grãos do País.

Os ataques levaram o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a editar portaria declarando situação de emergência fitossanitária.

A praga é muito parecida com a lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea), já conhecida pela maioria dos agricultores, mas seu ataque é mais severo.

Alerta de emergência. A gravidade da infestação levou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) a criar um sistema de alerta com ações emergenciais de controle. A praga mostrou resistência aos inseticidas químicos tradicionais.

A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja) aponta que no centro-oeste o risco maior envolve a próxima safra, a ser plantada em outubro.

"A preocupação é que a atual safrinha pode servir de ponte para a difusão da lagarta, afetando gravemente a safra cheia", disse o diretor técnico Nery Ribas.

Publicidade

A espécie é muito severa em países da Ásia, África e Oceania e se hospeda em outras plantas, como feijão, sorgo granífero, painço, girassol, trigo e aveia, além de tomate e frutas cítricas, o que dificulta o controle.

De acordo com o pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo, a nova praga possui mais mobilidade e alta taxa de reprodução, além de ser mais voraz que a lagarta-da-espiga.

"Um problema agravante ao manejo da praga tem sido o desenvolvimento de resistência aos inseticidas." Os ovos são postos na espiga do milho e, ao eclodir, as larvas consomem os grãos em desenvolvimento.Com ciclo de um mês, mais longo que a lagarta comum, a praga consome também as folhas mais desenvolvidas da planta.

Controle biológico. Os pesquisadores da Embrapa testam formas de controle biológico da lagarta, principalmente nas lavouras de milho. As informações estão no serviço Alerta à Helicoverpa, no site do órgão.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Na próxima terça-feira, 30, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lança em Eduardo Magalhães, oeste da Bahia, o Programa Nacional de Manejo das Lagartas de Grãos e da Mosca Branca.

O programa tem como objetivo articular ações de combate às pragas e de proteção às culturas. O Ministério iniciou um levantamento para mapear a ação da lagarta no Brasil. Soja e milho respondem por quase 90% da produção atual de grãos do País, de 185,7 milhões de toneladas.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos Estados Unidos, e o terceiro em milho, atrás dos americanos e da China.

Publicidade

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.