BRASÍLIA - O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou nesta terça-feira, 26, que a Latam, segunda maior companhia aérea da América Latina, agiu de forma estratégica ao entrar com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. Segundo Tarcísio, o governo está "tranquilo" sobre a decisão, embora acompanhe com preocupação o setor de aviação como um todo.
"Estamos monitorando esses movimento e estamos bastante tranquilos até o momento com a situação dessa empresa (Latam)", disse durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto. "Nossa preocupação com o setor aéreo sempre é preservar essas empresas operando para preservar empregos e, na retomada, a gente não ter problema de choque de ofertas, o que vai levar elevação de tarifa", afirmou.
Para o ministro, a Latam não adotou movimento semelhante no Brasil porque a companhia está confiante na linha de capital disponível pelo BNDES. Ainda de acordo com Tarcísio, a Latam está trabalhando para cumprir os requisitos para adquirir a linha de crédito.
"É um movimento estratégico da companhia, é um movimento pensado, porque ela tem caixa, tem suficiência de caixa. Quando ela faz isso, ela (Latam) congela dívidas de financiamento, essas dívidas ficam congeladas e passam por uma discussão entre credores, consegue cancelar contratos que não são importantes para a operação", declarou.
Aéreas preocupam o governo
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou, no entanto, que o governo está "muito preocupado" com o setor das companhias aéreas diante dos impactos da pandemia do novo coronavírus. Ele acredita que a linha de crédito do BNDES deve ser concretizada "muito brevemente" e "vai dar um fôlego muito importante para as empresas".
A linha deve variar entre R$ 4 bilhões e R$ 7 bilhões. O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, anunciou que a Gol, a Latam e a Azul aceitaram, em princípio, a proposta oferecida pelo banco estatal em conjunto com bancos privados.
O setor de transporte aéreo é um dos que foram mais duramente atingidos pela crise causada pela pandemia. No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a demanda doméstica, medida em passageiros quilômetros pagos, caiu 93,1% em abril, na comparação com o resultado de um ano antes.
Segundo o ministro, o governo também vai pensar em outras medidas como a compra de passagens aéreas antecipadas pelo governo e a utilização do Fundo Nacional de Aviação Civil como garantia em outras operações de crédito. "Essas coisas vão ser estudadas, mas obviamente a coisa mais imediata e mais importante é, vamos dizer, a efetivação desse crédito do BNDES", avaliou durante entrevista coletiva no Planalto.
O que muda para o passageiro
Meu voo será cancelado?
Em nota, a empresa afirma que todas as passagens já compradas e futuros bilhetes vão ser honrados. A Latam diz que vai continuar a oferecer voos para transporte de passageiros e cargas de acordo com a demanda e restrições de viagem. Segundo a Anac, a recuperação judicial solicitada nos EUA não irá afetar as operações da empresa no Brasil.
É seguro comprar passagens da empresa a partir de agora?
De acordo com Fernando Capez, secretário de defesa do consumidor do Procon-SP, “é seguro comprar por enquanto porque a situação da empresa aqui não é de recuperação judicial e é independente do pedido feito fora do País.” Para ele, não há motivo para alarde por parte dos consumidores, apenas atenção.
Tenho milhas acumuladas. Vou perdê-las?
Segundo a Latam, não haverá nenhuma alteração quanto ao programa de milhagens, vouchers e benefícios da companhia.