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Latam não pediu recuperação judicial no Brasil porque aguarda crédito do BNDES, diz ministro

Segundo Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, companhia agiu de forma estratégica ao entrar com pedido nos EUA; governo acompanha com preocupação o setor de aviação

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Por Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou nesta terça-feira, 26, que a Latam, segunda maior companhia aérea da América Latina, agiu de forma estratégica ao entrar com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. Segundo Tarcísio, o governo está "tranquilo" sobre a decisão, embora acompanhe com preocupação o setor de aviação como um todo.

"Estamos monitorando esses movimento e estamos bastante tranquilos até o momento com a situação dessa empresa (Latam)", disse durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto. "Nossa preocupação com o setor aéreo sempre é preservar essas empresas operando para preservar empregos e, na retomada, a gente não ter problema de choque de ofertas, o que vai levar elevação de tarifa", afirmou.

'É um movimento pensado, porque ela tem caixa', disse Tarcísio de Freitas. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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Para o ministro, a Latam não adotou movimento semelhante no Brasil porque a companhia está confiante na linha de capital disponível pelo BNDES. Ainda de acordo com Tarcísio, a Latam está trabalhando para cumprir os requisitos para adquirir a linha de crédito.

"É um movimento estratégico da companhia, é um movimento pensado, porque ela tem caixa, tem suficiência de caixa. Quando ela faz isso, ela (Latam) congela dívidas de financiamento, essas dívidas ficam congeladas e passam por uma discussão entre credores, consegue cancelar contratos que não são importantes para a operação", declarou.

Aéreas preocupam o governo

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou, no entanto, que o governo está "muito preocupado" com o setor das companhias aéreas diante dos impactos da pandemia do novo coronavírus. Ele acredita que a linha de crédito do BNDES deve ser concretizada "muito brevemente" e "vai dar um fôlego muito importante para as empresas".

A linha deve variar entre R$ 4 bilhões e R$ 7 bilhões. O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, anunciou que a Gol, a Latam e a Azul aceitaram, em princípio, a proposta oferecida pelo banco estatal em conjunto com bancos privados.

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O setor de transporte aéreo é um dos que foram mais duramente atingidos pela crise causada pela pandemia. No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a demanda doméstica, medida em passageiros quilômetros pagos, caiu 93,1% em abril, na comparação com o resultado de um ano antes. 

Segundo o ministro, o governo também vai pensar em outras medidas como a compra de passagens aéreas antecipadas pelo governo e a utilização do Fundo Nacional de Aviação Civil como garantia em outras operações de crédito. "Essas coisas vão ser estudadas, mas obviamente a coisa mais imediata e mais importante é, vamos dizer, a efetivação desse crédito do BNDES", avaliou durante entrevista coletiva no Planalto.

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Em nota, a empresa afirma que todas as passagens já compradas e futuros bilhetes vão ser honrados. A Latam diz que vai continuar a oferecer voos para transporte de passageiros e cargas de acordo com a demanda e restrições de viagem. Segundo a Anac, a recuperação judicial solicitada nos EUA não irá afetar as operações da empresa no Brasil. 

É seguro comprar passagens da empresa a partir de agora?

De acordo com Fernando Capez, secretário de defesa do consumidor do Procon-SP, “é seguro comprar por enquanto porque a situação da empresa aqui não é de recuperação judicial e é independente do pedido feito fora do País.” Para ele, não há motivo para alarde por parte dos consumidores, apenas atenção.

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Segundo a Latam, não haverá nenhuma alteração quanto ao programa de milhagens, vouchers e benefícios da companhia. 

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