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Lavagna diz que FMI exige consenso político

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, declarou, nesta sexta-feira, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) está insistindo em duas exigências. Uma delas é que o governo do presidente Eduardo Duhalde implemente uma medida para deter os recursos na Justiça contra o "corralito" (semicongelamento de depósitos bancários). A outra é a obtenção imediata de consenso político. Diante dos constantes imbróglios da política argentina, o FMI exige esse consenso para ter a garantia de que as medidas exigidas serão cumpridas. No entanto, este consenso é difícil, já que o governo Duhalde está profundamente debilitado por brigas internas de seu próprio partido, além de enfrentar complicações com a Corte Suprema de Justiça. Como se não fosse pouco, a corrida para as eleições presidenciais de março do ano que vem já começou. Para conseguir o consenso, o presidente Duhalde convocou uma reunião com os governadores e as principais lideranças da Câmara de Deputados e do Senado. A reunião, marcada originalmente para a próxima segunda-feira, foi antecipada para domingo à noite. A maior parte dos governadores já confirmou presença. Nesta sexta-feira, o chefe do gabinete de ministros, Alfredo Atanasof, pediu aos governadores que assumam um compromisso "pleno" com o FMI. O ministro Lavagna não quis comentar os rumores de que o FMI não teria intenção de fechar um acordo com o governo Duhalde, que termina em maio de 2003. "Vamos esperar para ver o que acontece, não vamos especular sobre isso". "O termo ´não pagar´ é meio forte...é só uma questão de ´adiar o pagamento´, diria eu". Este foi o argumento do ministro Lavagna, para explicar que a Argentina não está em uma situação de default com o Banco Mundial (BIRD), depois de ter deixado de pagar uma dívida de US$ 805 milhões que venceu nesta quinta-feira. Segundo Lavagna, não existe default, "já que o próprio FMI autorizou o adiamento de um vencimento de US$ 140 milhões. E o Banco Mundial entregará os créditos já autorizados". Nesta quinta-feira, o governo Duhalde anunciou que a Argentina não pagaria a dívida que possui com o Banco Mundial. O calote somente seria oficializado depois de um prazo que se conclui no dia 14 de abril do ano que vem. Lavagna disse que, enquanto não estiver pronto o cronograma de financiamento das dívidas com os organismos financeiros no resto deste ano e do ano que vem, o governo Duhalde somente pagará os juros das mesmas. O ministro sustentou que o país, ao longo deste ano, já desembolsou US$ 4,3 bilhões para pagar as dívidas com os organismos financeiros internacionais. No entanto, o ministro afirmou que o país não continuará recorrendo às reservas internacionais do Banco Central. "Até o dia 25 de maio vencem dívidas de US$ 9,7 bilhões, equivalentes ao total das reservas do BC. Não vamos deixar o próximo governo sem divisas." O FMI ainda tem cinco exigências para fechar o acordo com a Argentina. Uma delas é o ajuste fiscal, pois o Fundo quer que o país tenha um superávit primário de 2,5% no ano que vem. Isso implicaria uma redução drástica dos gastos das províncias, além de um aumento dos impostos nacionais. Outro ponto exigido com insistência é o aumento das tarifas das empresas de serviços públicos privatizados. O governo argentino somente concorda com um aumento de 10%, mas o FMI exige 30%. Além disso, o organismo financeiro exige que o governo argentino detenha os recursos na Justiça contra o "corralito" (semicongelamento de depósitos bancários), já que isso abalaria a liquidez dos bancos. Ainda em relação ao sistema financeiro, o FMI exige a reestruturação ampla do setor, o que implicaria a redução dos bancos públicos, que teriam que ter uma proporção significativa de participação privada. Segundo Lavagna, os recursos na Justiça contra o corralito e a necessidade de um consenso político são os pontos nos quais o FMI mais insiste.

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