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Lavagna fala em fim da recessão; números desmentem

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, se preparava hoje para anunciar que, finalmente o país começa a sair da recessão, com base em números de dois indicadores da produção industrial, que mostravam leve melhora em junho, em relação ao mês anterior. Mas na comparação com o mesmo mês do ano passado, a produção industrial da Argentina despencou 12,8%, conforme dados da Fundação de Investigações Econômicas Latino-americanas (Fiel). Segundo estimativa preliminar do próprio Ministério, a produção industrial cresceu 1,6% no sexto mês do ano. Em maio, ainda de acordo com os mesmos dados, já havia uma variação positiva em relação a abril. "Evidentemente, o primeiro trimestre do ano foi um piso para o nível de atividade. No segundo trimestre, produziu-se uma leve melhora, provocada pela substituição das importações e com pouca dependência do crédito", informa a Fundação Mediterrânea. Pelos números da Fiel, em bases sazonalmente ajustadas, a produção industrial caiu 0,9% em junho em comparação com maio. No acumulado dos seis primeiros meses do ano, caiu quase 15% ante igual período de 2001. Mas os executivos argentinos continuam otimistas em relação às vendas nos próximos 12 meses. As pesquisas da Fundação indicam que a perspectiva de vendas no médio prazo para produtores de bens de consumo duráveis, como automóveis e equipamentos, se mantém positiva pelo quarto mês consecutivo. Já os fabricantes de bens de capital acreditam que as vendas se manterão em baixa no próximo ano. Lavagna, porém, acha que os números são animadores. Ele se baseia no fato de que junho foi o terceiro mês consecutivo de crescimento de quase 1% no índice oficial EMI (Estimador Mensal Industrial). Isto implicaria crescimento do segundo trimestre de 2002 em relação aos três primeiros meses deste ano. Alguns economistas consideram os dados insuficientes para concluir que a recessão chegou ao final. Para isso, seria preciso ter números positivos nos dois próximos trimestres também. Além disso, os números das consultorias e os do governo são divergentes. Segundo os cálculos da Fiel, entre abril e maio não houve crescimento na atividade manufatureira, mas sim quedas. E, acrescenta o economista Abel Viglione, para decretar o fim da recessão, é preciso ainda que a indústria tenha crescimento mensal e consecutivo, além de um crescimento interanual de, pelo menos, dois trimestres consecutivos. Um dos principais economistas argentinos, Miguel Angel Broda acredita que a "economia está aterrissando" e o "nível de atividade do segundo trimestre é de 24% menor do que antes de começar a recessão". Para ele, "há poucas possibilidades de iniciar uma recuperação e riscos importantes de (a atividade econômica) continuar caindo". Broda observa que "alguns setores mostram indícios de levíssima recuperação, mas outros não param de cair". Ele destaca o comportamento do Banco Central para evitar nova disparada do dólar e acredita que, com um "programa monetário austero", será possível manter o dólar entre 3,70 a 4,20 pesos até o final do ano. Leia o especial

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