O ministro de Economia da Argentina, Roberto Lavagna, e o presidente do Banco Central, Alfonso Prat Gay, se reunirão hoje com a missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para discutir o projeto de lei de reforma das entidades financeiras, elaborado pelo governo. Lavagna e Prat Gay decidirão com o chefe da missão, John Dodsworth, e com o encarregado do caso argentino, John Thornton, detalhes para avançar numa das metas mais importantes do atual acordo com o FMI: iniciar a reforma do sistema financeiro. Um dos pontos a serem tratados diz respeito ao estabelecimento da nova pauta de requisitos de capitais mínimos que serão exigidos aos bancos, os quais determinarão o processo de redução do sistema financeiro. Pelo detalhamento do projeto, o governo dividirá as águas entre os bancos viáveis e os que deverão sofrer intervenção, enfrentar um plano de "enquadramento" e ser capitalizados ou aqueles que deverão ser liquidados. Para tanto, o BC e o Ministério de Economia contarão com a assessoria técnica do especialista no assunto, David Hoelschire, que desembarcou ontem em Buenos Aires para completar a missão do FMI. Pelo acordo com o organismo, a equipe econômica do presidente Eduardo Duhalde tem até o dia 15 de maio para concluir esta etapa da reforma do sistema e enviá-la ao Congresso. No entanto, fontes do Banco Central admitem que este prazo poderá não ser cumprido devido às dificuldades de "reunir informação" e por causa do atraso do processo de balanços dos bancos. O BC deverá convocar as entidades para atualizar seus balanços dentro de poucos dias. A norma sobre os requisitos de capital mínimo que serão exigidos aos bancos é dos tempos da conversibilidade e não sofreu nenhuma alteração depois da desvalorização do peso, quando se estabeleceu que o resultado entre os ativos e os passivos dos bancos deveria ter um saldo positivo de 15 milhões de pesos, cifra que era equivalente em dólares. Agora, o BC deverá fixar um novo montante e, a partir daí, montar a estrutura para atuar em casos de entidades que não alcancem os novos objetivos. Os bancos reclamam que o cálculo entre ativos e passivos não é tão simples de ser feito devido aos problemas como os amparos judiciais que foram pagos pelo câmbio livre e a substituição dos indexadores para ajustar parte da carteira de créditos e a dívida pública. Os banqueiros alegam que embora grande parte dos bônus em poder dos bancos foram transformados em empréstimos garantidos, a maioria ainda conserva os títulos emitidos no exterior, como o Global, em default desde dezembro de 2001. Na Associação de Bancos Argentinos, uma fonte pergunta: "Como podemos calcular os ativos se nem sabemos como será a renegociação destes títulos?" No BC, outra fonte revelou que a equipe econômica considera que os requisitos de capital mínimo deveriam ser fixados com base "em uma cifra necessária para se ter um sistema financeiro sólido".