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Leilão da Cedae é um marco na história da infraestrutura; leia análise

O sucesso do certame sinaliza a fronteira de expansão para a economia depois da profunda crise da covid-19: infraestrutura e sustentabilidade

Por Gesner Oliveira 
Atualização:

Quatro consórcios participaram do leilão da Cedae e deram lances para três dos quatro blocos, refletindo o apetite do setor privado para investir em saneamento. O ágio médio foi de 140,14% e os três blocos arrematados geraram uma arrecadação como outorga de R$ 22,7 bilhões. 

O leilão da Cedae entra para a história como um dos maiores em valores. O mencionado valor de outorga de R$ 22,7 bilhões supera os lances no passado para a CSN (R$ 9,7 bilhões), da Cia Vale do Rio Doce (R$ 13,3 bilhões) e da Telesp (R$ 22,4 bilhões), todos os montantes atualizados monetariamente para preços de 2021. 

Unidade de tratamento de Guandu, da Cedae, em Nova Iguaçu. Foto: André Coelho/EFE

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O projeto de concessão inclui investimentos de despoluição da baia de Guanabara (R$ 2,6 bilhões), na bacia do Guandu (R$ 2,9 em bilhões) e do complexo lagunar da Barra da Tijuca (R$ 250 milhões). 

Investimentos fundamentais, mas que a dramática situação fiscal do Estado não permitiria que fossem realizados pelo poder público. Outra meta é a universalização dos serviços até 2033, em linha com o novo marco do saneamento.

Leilões anteriores no saneamento já haviam sido bem-sucedidos, como na região metropolitana de Maceió, em Mato Grosso do Sul, no município de Cariacica (ES) e na região metropolitana de Porto Alegre. Isso apesar de todas as incertezas das conjunturas nacional e mundial. 

A razão para o apetite de investimento no saneamento está associada a uma confluência de pelo menos três fatores. O primeiro é a consciência da sociedade de que não é mais aceitável admitir que metade da população brasileira não tenha coleta de esgoto, entre tantas outras lacunas dessa infraestrutura social no Brasil

O segundo é a melhora do marco regulatório do setor aprovado depois de mais de década de discussão no ano passado. O terceiro é o maior interesse nos investimentos de longo prazo com a redução dos patamares de taxa de juros no mundo e no Brasil. 

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O sucesso do leilão da Cedae sinaliza a fronteira de expansão para a economia depois da profunda crise da covid-19: infraestrutura e sustentabilidade. O saneamento contém os dois vetores da retomada. 

*EX-PRESIDENTE DA SABESP E COORDENADOR DO CENTRO DE ESTUDOS DE INFRAESTRUTURA E SOLUÇÕES AMBIENTAIS DA FGV

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